
O diretor de Agronegócios do Bradesco, Roberto França, avalia que será possível manter a expansão da carteira de crédito ampliada do setor em 2026, mesmo diante do cenário de adversidade financeira e alta na inadimplência dos produtores rurais no Brasil.
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A estratégia do banco se concentra no que chama de base ampla e “saudável” da carteira, com novas opções no portfólio, e eventualmente ganhar clientes de instituições que ficaram mais restritivas na concessão.
“Crescemos pouco mais de 20% no portfólio total, principalmente em pessoa física em 2025. Entendemos que em um mercado mais estressado, 90% dos clientes estão em curso normal. Nossa pretensão é continuar crescendo nesse cliente”, afirma. A carteira ampliada do Bradesco passou de R$ 130 bilhões, dos quais R$ 85 bilhões são de crédito direto ao agro.
França disse que tem administrado o endividamento e as operações de clientes com perfis mais alavancados, mas acredita na manutenção da pressão nos primeiros meses de 2026. “Até o fim do primeiro trimestre esse assunto será recorrente”, aponta.
“Estamos, de forma conservadora, otimistas para 2026. Grande parte dos produtores vão continuar na atividade, aqueles mais alavancados vão alongar dívidas e teremos um ano conservador em termos de crescimento”, afirma.
O executivo avaliou que pode haver sinalização de melhora para a atividade agropecuária em 2026, principalmente se os juros da economia realmente caírem. “O crescimento médio da carteira é de 20% nos últimos anos. Vamos perseguir essa meta em 2026”, afirma.
Ele vislumbra um benefício de redução no custo financeiro na proporção da eventual queda da taxa Selic. “A representatividade do agronegócio dentro da economia brasileira não vai diminuir. O setor é muito relevante, está com exportação forte, o tema do tarifaço já foi endereçado e a safra será grande. Não terá redução de volume de crédito empregado no setor”, explica França.






