
A multinacional alemã Bayer registrou crescimento das vendas no segmento agrícola no segundo trimestre de 2025, mas litígios provocados por produtos de proteção de cultivos nos Estados Unidos ampliaram o prejuízo da companhia.
Initial plugin text
O segmento agrícola no segundo trimestre teve aumento de 2,2% nas vendas ajustadas por câmbio e portfólio, totalizando 4,78 bilhões de euros. O destaque foi o desempenho das sementes de milho e tecnologias associadas, cujas vendas ajustadas cresceram 29,5%, impulsionadas pelo aumento global de preços e pela expansão da área plantada.
A performance na América do Norte também foi favorecida pelo escalonamento de volumes originalmente previstos para o primeiro trimestre, resultado de um ajuste estratégico na rede de distribuição.
Por outro lado, as vendas ajustadas de sementes de soja e algodão apresentaram queda de 18,1% e 25,5%, respectivamente. Essa retração foi atribuída ao cancelamento da autorização de uso de produtos à base de dicamba nos Estados Unidos.
No balanço geral, o aumento nas vendas de sementes e tecnologias compensou as perdas em produtos de proteção de cultivos. O segmento de inseticidas, por exemplo, registrou queda de 13,1% no valor ajustado, impactado pelo vencimento do registro do produto Movento na Europa. Já as vendas ajustadas de herbicidas cresceram 1,4%, com destaque para os produtos à base de glifosato, que mantiveram os volumes do ano anterior, embora com redução de preços.
O lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) antes de itens especiais do segmento agro subiu 32,3%, alcançando 693 milhões de euros. O desempenho foi atribuído ao aumento de volumes do trimestre anterior no negócio de sementes de milho e à redução de custos. A margem Ebitda antes de itens especiais avançou 4 pontos percentuais, chegando a 14,5%.
Lítigio e prejuízo
Apesar do desempenho positivo no setor agrícola, a Bayer como um todo reportou um prejuízo líquido de 199 milhões de euros no segundo trimestre. O resultado representa um aumento expressivo em relação ao prejuízo de 34 milhões de euros registrado no mesmo período de 2024. O resultado foi impactado principalmente por custos relacionados a litígios.
A empresa afirmou que mantém como meta conter significativamente os riscos jurídicos até o final de 2026. No segundo trimestre, a Bayer reconheceu provisões adicionais de aproximadamente 1,2 bilhão de euros para casos relacionados ao glifosato e cerca de 530 milhões de euros para provisões e responsabilidades ligadas aos PCBs.
Processos acusam a empresa de não ter alertado sobre os riscos de câncer relacionados ao seu herbicida Roundup. A empresa segue recorrendo das decisões desfavoráveis e afirmou ter fechado milhares de casos por meio de acordos confidenciais com baixo custo médio por caso. A estratégia da empresa para lidar com os litígios não se baseia exclusivamente em decisões judiciais, segundo a própria Bayer, que também avalia medidas alternativas de proteção legal.
A companhia afirma ter planos para melhorar a rentabilidade do setor agrícola. A divisão está agora focada na otimização da produção e das operações, tendo atingido marcos importantes no portfólio de proteção de cultivos, segundo comunicado.
A Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos (EPA) propôs recentemente a aprovação do dicamba, e a empresa submeteu uma nova molécula herbicida com “potencial comercial elevado”, em sua avaliação, para aprovação nos Estados Unidos, Canadá, Brasil e União Europeia.