Parceria da Emater-MG com prefeitura também ajuda agricultores familiares na comercialização dos produtos O produtor familiar Antônio Lisboa, da região semiárida do município de Novorizonte, no norte de Minas Gerais, conseguiu aumentar a produção de sua horta e a renda com uma estratégia simples: a abertura de barraginhas.
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Lisboa, que tem seu sítio na comunidade de Córrego do Janta, diz que antes da barraginha os alimentos cultivados atendiam basicamente à subsistência da família, mas agora há um excedente da produção, que é vendido para o Pnae (Programa Nacional de Alimentação Escolar). Ele também ampliou a atividade desenvolvida na propriedade com a criação de peixes.
Ele é um dos 18 agricultores do município que estão conseguindo produzir e comercializar hortaliças graças ao Programa de Fortalecimento e Incentivo aos Produtores Agro Familiares, uma parceria entre a Emater-MG e a prefeitura do município para a abertura das barraginhas, que são bacias escavadas nas propriedades para o acúmulo de água das chuvas visando os períodos de seca. O projeto da Emater já atendeu cem produtores familiares no Estado.
“Agora temos água de melhor qualidade. Uso para a criação de peixe e também para irrigar minha lavoura”, diz Lisboa em nota da Emater.
O programa funciona assim: a prefeitura disponibiliza gratuitamente aos agricultores sementes de olerícolas, tratores para gradear terras, água potável para consumo humano e também locais para a realização de feiras livres. A Emater dá a assistência técnica e trabalha pela inclusão dos agricultores no Pnae, Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e no Programa Garantia Safra.
Para ser elegível ao programa, o agricultor precisa atender alguns requisitos como ter espaço disponível para a construção da barraginha, pouca disponibilidade de água na propriedade e praticar uma agricultura sustentável.
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Barraginhas
As barraginhas, tecnologia desenvolvida pelo engenheiro agrônomo e pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo Luciano Cordoval, já está presente em 13 Estados e no Distrito Federal, com destaque para Minas e Espírito Santo. É uma alternativa simples e barata de acumular água para irrigar as plantações ou para cuidar do gado nos períodos de seca.
As bacias promovem a infiltração da água no solo e a recarga do lençol freático. Além de evitar erosões e umedecer os terrenos, as barraginhas têm o potencial de revitalizar nascentes e perenizar córregos e rios.
Em Goianá, sul de Minas, por exemplo, produtores do Assentamento Denis Gonçalves mantêm sítios com paiol cheio, hortas produtivas, lago de peixes e muita fartura desde 2018, quando aderiram ao projeto da Embrapa aplicado na região por Felipe Russo, um “clone das barraginhas”, apelido dado por Cordoval aos técnicos que são capacitados para disseminar e coordenar a tecnologia em várias regiões do país.
O pesquisador gosta de citar que, quando trabalhava com irrigação, retirava água dos mananciais e, agora, com as barraginhas, colhe chuva e devolve água para os rios. Em 2019, o “plantador de água” venceu o Prêmio Fundação Bunge na área de Ciências Agrárias, com o tema Agricultura Familiar.