
Número representa crescimento de 15% em relação ao resultado do ano passado Chegar a R$ 1 bilhão de faturamento neste ano, com um crescimento de 15% em relação aos mais de R$ 800 milhões de 2024. Essa é a projeção do economista Fernando Capra, CEO da Baldan, empresa de implementos agrícolas fundada há 87 anos em Matão, no interior paulista.
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A estimativa leva em conta o cenário de safra recorde, preços das commodities melhores que os do ano passado, demanda firme, dólar atrativo e também o movimento geopolítico, que pode favorecer a produção agrícola brasileira.
Especialista em equipamentos para preparo de solo, que representam mais de 60% do faturamento, a empresa também atua nos segmentos de plantio, pulverização e reposição de peças. Em janeiro, a Baldan inaugurou uma segunda planta em Matão, com investimento de R$ 200 milhões, para a fabricação de pulverizadores, mercado que ingressou há três anos.
Para os próximos cinco anos, o planejamento estratégico prevê “avenidas de crescimento” com mais de 80 lançamentos nos quatro setores de atuação da Baldan, com investimento de R$ 500 milhões. Cerca de 40% desse valor é reservado para ampliação da fábrica, que deve atingir sua capacidade máxima até 2030.
Segundo Capra, que assumiu a direção há um ano, a Baldan exporta seus produtos para 80 países da América do Sul, África, Ásia, além da Austrália. Implementos como grades, discos e mancais para reposição também são enviadas para a América do Norte, incluindo os Estados Unidos. As exportações representam mais de 20% da receita anual, com tendência de crescimento.
O executivo diz que a guerra das tarifas não é um fator que preocupa a Baldan porque a penalização brasileira é menor, na comparação com outros países.
“O maior prejuízo fica para o consumidor americano que vai pagar mais pelos produtos, mas os países também trabalham para serem competitivos e de alguma maneira absorver parte do aumento. O fato é que o mercado americano é gigante e não pode ser menosprezado”.
Capra diz que o movimento iniciado pelo presidente americano, Donald Trump, também abre janelas de oportunidade para o Brasil exportar mais para outros mercados porque tem produto, preço e tecnologia.
“A única coisa que temos certeza é que essa situação um dia vai se resolver. De uma maneira ou de outra, vai ser estabelecido um novo patamar e o mundo vai se ajustar. O importante é que nesse intervalo o país consiga navegar bem e capturar as oportunidades que naturalmente surgirem.”
O que preocupa a empresa e todo o setor, diz, é a questão da taxa de juros no Brasil. Capra diz que a Baldan, por ser uma empresa de implementos, é menos impactada que as grandes indústrias de máquinas, que incluem tratores e colheitadeiras.
“O produtor não pode deixar de investir no preparo do solo, assim como não deixa de plantar. Então, em cenários de juros altos e com pouca equalização, ele não troca o trator, mas troca a grade, melhora os discos, compra uma plantadeira, ou seja, vai alocando os recursos de acordo com as possibilidades.”
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Apesar dessa vantagem, a Baldan também teve redução de vendas nesses anos de ajuste pós-pandemia. Até porque seus equipamentos de tíquete mais alto, como as pulverizadoras de cerca de R$ 1,5 milhão, demandam financiamento.
Cerca de um quarto das vendas da empresa já são feitas com consórcio. Outras ferramentas são a linha em dólar para os produtores que fazem hedge e também o leasing de máquinas, operado por um parceiro.
Estande da Baldan na Agrishow, em Ribeirão Preto (SP)
Ricardo Benichio
Capra conta que durante a feira Agrishow, que encerrou nesta sexta (2/5), em Ribeirão Preto, a Baldan foi a primeira a se inscrever e a ser aprovada no Programa Desenvolve SP, do governo paulista, que vai oferecer financiamento a juros mais baixos para aquisição de máquinas a produtores rurais do estado de São Paulo com faturamento anual entre R$ 81 mil e R$ 300 milhões.
“O bom é que os outros Estados como Paraná e Goiás também estão desenvolvendo ferramentas para fomentar a produção local e atender ao produtor rural. Essas linhas estaduais passam a ser um complemento do Plano Safra, que não consegue atender à demanda nacional.”
Na feira de Ribeirão, a empresa de Matão apresentou um portfólio completo para produtores de todos os portes e culturas variadas. O destaque ficou para a versão canavieira do Avola, pulverizador com capacidade de 2.500 litros, desenvolvido para atender às demandas do cultivo de cana-de-açúcar. Também apresentou o novo modelo de pulverizador de 3.500 litros, voltado para grandes propriedades. Os dois produtos estão em validação e devem começar a ser produzidos em 2026.






