Produtividade do café cresceu 28% desde 2019 em fazendas assistidas pelo Sistema Faemg Senar; no setor leiteiro, produção média aumentou 11,15% em um ano Jaime Pacheco Duarte Neto assumiu em 2019 o trabalho no Sítio Tapete Verde, em Santo Antônio do Amparo, na região sudeste de Minas Gerais. O sítio do seu avô, de seis hectares, produz café arábica desde a década de 1930, mas nos últimos cinco anos viveu uma reviravolta, que culminou no lançamento, neste ano, da marca Café Vô Jaime, de cafés especiais.
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Depois que entrou no negócio da família, Duarte, que é técnico em gestão agropecuária, adotou técnicas de agricultura regenerativa, como uso de defensivos biológicos, uso de plantas de cobertura de solo, adubação orgânica com casca de café e esterco de vaca. Com a assistência técnica e gerencial do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural – Administração Regional de Minas Gerais, do Sistema Faemg Senar, substituiu parte dos cafezais para melhorar a produtividade. “Substituímos duas áreas da variedade mundo novo pelas variedades arara e paraíso”, disse o cafeicultor.
As mudanças geraram resultados. A produção média, que era de 160 a 180 sacas por safra, subiu para 190 a 220 sacas. A mudança na qualidade foi mais intensa, e o produtor começou a participar de concursos. No ano passado, venceu o concurso de cafés especiais de Santo Antônio do Amparo, com 93 pontos. “Nosso foco hoje é a qualidade, além da produtividade. Mais de 80% da produção é de cafés acima de 82 pontos. A gente exporta 70% da nossa produção”, disse Duarte.
Duarte faz parte de um universo de 3,3 mil produtores de café atendidos pelo programa de assistência técnica e gerencial do Sistema Faemg Senar, que elevaram seus rendimentos nos últimos anos. A Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg) fez um estudo entre setembro de 2024 e fevereiro de 2025 para medir o impacto dessas assistências na produção de café e de leite, duas das principais cadeias do agronegócio em Minas Gerais.
No segmento de cafeicultura, a Faemg ouviu 903 produtores. A produtividade média dessas propriedades aumentou 28%. A produção total cresceu 26% e o custo operacional por hectare teve retração de 40%. “No café, houve melhora de 26% na margem de lucro, sem considerar o efeito da alta de preço”, afirmou Antônio De Salvo, presidente do Sistema Faemg Senar.
Produtor de café Petterson Ribeiro dos Santos, da Fazenda Alcântara, em Carbonita (MG)
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O produtor Petterson Ribeiro dos Santos, dono da Fazenda Alcântara, em Carbonita (MG), no Alto Jequitinhonha, é outro exemplo. Ele disse que sua produção saiu de uma média de 10 sacas por hectare para 45 sacas por hectare, nos últimos quatro anos. Para este ano, a previsão é colher 500 sacas. “Hoje, com meu filho atuando ao meu lado, graças ao incentivo do Senar, a cafeicultura se fortaleceu como atividade principal da fazenda”, afirmou Santos.
“O grande problema do produtor é renda. E [aumentar] renda só é possível com assistência técnica. E isso significa trazer tecnologia para o campo, assistência técnica e gestão”, afirmou De Salvo.
Em 2024, a Faemg atendeu 18,9 mil propriedades rurais em Minas Gerais, realizando 159,1 mil visitas técnicas. A previsão é atender 25 mil propriedades em 2025. Por ano, a Faemg investe em torno de R$ 130 milhões nas ações de assistência técnica e gerencial, promovidas por 600 técnicos, entre veterinários, agrônomos e zootecnistas.
Melhora no leite
No setor leiteiro, a Faemg acompanha 5.035 propriedades, que juntas produzem mais de 1 milhão de litros de leite por dia. Para o estudo, foram ouvidos 915 produtores.
Nessas propriedades leiteiras, a produção média por propriedade aumentou 11,15% em 2024, em relação ao ano anterior. A produtividade por vaca subiu 5,8%, resultando em um aumento médio de 20 litros de leite a mais por dia por propriedade. A margem bruta, por sua vez, avançou 20%. O programa de assistência técnica e gerencial da Faemg acompanha cerca de 5 mil propriedades leiteiras, com produção diária de mais de 1 milhão de litros de leite.
Aloísio Antonio Ramos, produtor em Joaquim Felício (MG), começou a receber a assessoria em 2019. “A gente trabalhava muito às cegas. Com a assistência a gente começou a ter uma noção das coisas, de melhoramento genético, melhora na produção de leite”, conta Ramos. Na propriedade, de 98 hectares, Ramos mantém 25 vacas em fase de lactação.
O produtor disse que, com a assessoria técnica, investiu em melhoramento genético com inseminação das vacas. E melhorou o manejo do rebanho. A produção de leite, que era de 120 litros por dia, atualmente gira em torno de 300 litros por dia. O leite captado é vendido para a cooperativa CCPR.
Produção de leite da Fazenda 2W, em Monte Azul (MG), dobrou em dois anos de assistência
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Wemerson Ramon, dono da Fazenda 2W, em Monte Azul, no norte de Minas Gerais, disse que sua produção de leite dobrou em dois anos de assistência, passando para 900 litros de leite por dia. Com um rebanho de 100 animais, a expectativa é chegar a 1,2 mil litros este ano.
O produtor adotou práticas como rotação de pastos, uso da cana para silagem, melhoramento genético e confinamento com uso de alimentação formulada para ganho de produtividade. “A gente mudou a forma de ver o negócio. Agora trato a fazenda como uma empresa”, destaca.
O presidente da Faemg disse a entidade produzirá neste ano o mesmo estudo com outras cinco atividades agropecuárias no Estado, incluindo pecuária de corte.