Fortaleza se prepara para mais uma edição da Trielétrica, evento que, além de colorir as ruas com música e alegria, reafirma o compromisso com a diversidade, a representatividade e a militância LGBTQIAPN+. A celebração deste ano acontece no dia 29 de junho, reunindo grandes nomes da cena local. Nesta reportagem vamos conhecer a história dos artistas DJ Femo e da cantora Camaleoa, dois artistas que unem talento e ativismo em suas trajetórias.

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DJ Femo: som, identidade e representatividade nas pistas

Natural de Fortaleza, Femo, 29 anos, é DJ há uma década e enxerga seu trabalho como muito mais que entretenimento: é resistência. “Ser um homem assumidamente gay e ter minha orientação sexual aberta nos territórios que eu toco… vejo como uma forma de mostrar pro mundo o quão importante é isso”, diz ele. “Reforço isso com meu leque de arco-íris, com a curadoria das músicas, com discursos de liberdade. Ser artista LGBTQIAPN+ é ser um porta-voz da comunidade — com muito orgulho!”

Foto: Mateus Monteiro

Mesmo com os avanços na cena eletrônica, Femo reconhece que ainda há barreiras a serem quebradas. “Essas barreiras estão sendo enfrentadas à medida que conseguimos furar bolhas. Um exemplo é o evento Drag Dinner, onde sou DJ residente. Levei minha mãe e sogra e elas saíram encantadas. Isso mostra como o respeito e a aceitação estão crescendo, mesmo onde menos esperamos.”

Femo também destaca os nomes que o inspiram, como Lady Gaga, Pabllo Vittar e Pedro Sampaio, além de artistas locais como DJ Silas, Angel History, Camaleoa e Vanessa A Cantora. “A música cura, abre portas e cria memórias. Meu som é pra quem quer dançar, lembrar, viver com leveza e sem medo de ser quem é.”

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Camaleoa: voz lésbica que canta amor e identidade

Foto: Divulgação

A cantora Camaleoa, também cearense, tem na vivência lésbica o fio condutor de suas composições. Desde os 18 anos, quando começou na música, ela encontrou no canto um canal para expressar sua identidade e se conectar com outras mulheres LGBTQIAPN+. “Ser uma mulher que ama mulheres gera uma conexão rara. Tenho músicas que falam desde o primeiro amor até a primeira grande decepção, e por isso, meu público majoritariamente se reconhece nas minhas histórias.”

Apesar de não colecionar muitos episódios de preconceito direto, Camaleoa enfrenta o desafio da descredibilização. “Já me disseram que eu não pareço lésbica o suficiente, como se isso tivesse um padrão. É um reflexo dos estereótipos que ainda existem na sociedade.”

A artista também reconhece a importância de estar em um momento histórico de maior liberdade. “Se hoje posso cantar sobre minhas vivências com honestidade, é porque muita gente abriu caminho antes de mim. Tenho orgulho de ser uma dessas vozes visíveis e atuantes, mas sei que sou parte de um coletivo incrível de mulheres LGBTs que constroem essa cena em Fortaleza, como Luiza Nobel, Vanessa A Cantora, Magi, Leitcia Ibiapina e Dayf.”

Trielétrica 2025