Smartcoop, criado por cooperativas do Rio Grande do Sul para apoiar gestão das propriedades, passa a ter dados ambientais “Saí das planilhas de Excel e rabiscos em agendas e comecei a colocar todos os dados da propriedade dentro do aplicativo”, conta o produtor Bruno Machado Zago, de Caçapava do Sul (RS). O aplicativo em questão é o Smartcoop, que Zago começou a usar no ano passado. Em pouco tempo, ele já sentiu a diferença da tecnologia na gestão de sua propriedade, e agora aproveitará uma inovação que garantirá aos compradores o rastreio da origem dos produtos que vende.
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A plataforma foi desenvolvida em 2019, com um investimento de R$ 4,5 milhões, sob liderança da Federação das Cooperativas Agropecuárias do Estado do Rio Grande do Sul (FecoAgro/RS). Atualmente, 18 mil produtores rurais usam a ferramenta, que é gratuita para os sócios das cooperativas que integram a Rede Técnica Cooperativa (RTC). A iniciativa reúne as áreas técnicas de 30 cooperativas agropecuárias gaúchas visando promover práticas agrícolas sustentáveis e economicamente viáveis.
Agora, o aplicativo ganhou uma ferramenta de rastreabilidade. A novidade foi lançada em 30 de maio, na terceira Jornada Técnica da RTC, em Gramado (RS). Todo produto terá um código que vai acompanhar a cadeia de produção: desde dentro da porteira, passando pela cooperativa para ser industrializado e, depois, exportado.
“Com esse código, será possível saber se determinado produto está em conformidade, se a área que originou essa produção está apta juntos aos critérios do CAR [Cadastro Ambiental Rural]”, afirma o gerente de desenvolvimento do Smartcoop, Darlan Schwade.
A ferramenta traz informações sobre áreas de preservação permanentes, reserva legal e desmatamento. “Entre os benefícios estão abertura de novos mercados, cada vez mais exigentes, e aproveitar para agregar mais valor ao produto e identificar oportunidades de melhora das produções atendendo a mais essa exigência legal”, disse Geomar Corassa, gerente de Pesquisa e Tecnologia da cooperativa CCGL e também gerente da RTC.
A novidade agrega um atrativo a um instrumento que, na visão dos produtores, facilita a gestão do negócio. Na experiência de Zago, de Caçapava do Sul (RS), o aplicativo já permitiu melhorias na gestão da lavoura de soja da propriedade.
“Quando terminei a colheita e lancei os últimos dados, já pude fazer uma análise de talhão a talhão e verifiquei que algumas áreas tinham custo maior ou não estavam viabilizando tanto a plantação quanto outras”, destaca.
Praticidade
Igor Janner, de Cachoeira do Sul (RS), é outro produtor que adotou a plataforma há dois anos, por incentivo da Cotrisul. “A maior vantagem é a praticidade, porque você tem todas as informações que precisa na palma da mão”, destaca.
“Às vezes você pode não recordar do manejo que fez um uma área, mas se colocou os dados na Smartcoop é possível ver data de plantio, primeira entrada de fungicida, de inseticida, custos detalhados da lavoura, entre outras coisas. A partir disso, você pode trabalhar melhor, vendo o que pode melhorar e onde investir”, diz.
Em sua propriedade de 270 hectares, Janner cultiva soja, milho e arroz. Em julho, deve começar o plantio de 70 hectares de milho. “Graças ao aplicativo, já está tudo planejado o que vamos fazer, o custo já tenho todo em mente.”
Para Corassa, da RTC, “o Smartcoop democratizou o acesso a esse tipo de ferramenta, permitindo uma estratégia de gestão para todos os produtores, independente de tamanho de área”.
Com os dados dos produtores, a plataforma oferece uma administração completa da propriedade, incluindo manejo de área, imagens de satélite, previsão do tempo de alta resolução e gestão financeira. “Os produtores conseguem entender o que estão gastando, onde estão perdendo dinheiro, quais processos não estão funcionando.”
Uma das soluções que contribui para a tomada de decisão dos produtores é a assistente virtual Ana. Essa ferramenta de inteligência artificial (IA) acessa todas as informações geradas na plataforma Smartcoop e a pesquisa realizada pela RTC. “O produtor pode conversar com ela a qualquer momento para tirar dúvidas sobre manejo, preços, mercado e buscar dados que possam ser utilizados na propriedade”, afirma Corassa.
Pelo aplicativo, o produtor pode vender sua produção e ter acesso aos seus saldos na cooperativa. E pode optar por venda à vista, futura, gatilho de venda (operação associada a um preço-alvo) e barter.
Os criadores de gado leiteiro também estão adotando a plataforma, que processa informações sobre volume de produção, preços, qualidades, gerenciamento do rebanho, além de fazer a consulta a indicadores produtivos, reprodutivos e técnicos da propriedade.
Com 16 anos, Fabrício Daros, de Ibiraiaras (RS), começou a usar o Smartcoop em 2024, com o incentivo da Coasa. Na propriedade familiar, de 45 hectares, são produzidos 1.400 litros de leite, com um rebanho de 100 bovinos da raça holandesa, dos quais 41 em lactação. “O aplicativo nos ajudou a ter mais controle das atividades”.