
Um aplicativo desenvolvido pela Embrapa em parceria com a Universidade Federal do Ceará (UFC) traz uma nova ferramenta para auxiliar produtores de ovinos no dia a dia. O StopVerme tem a proposta de intensificar o controle da verminose – doença que pode chegar a provocar 30% de mortalidade dos animais infectados nos rebanhos – e já está disponível para celulares de usuários do sistema Android.
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Os pesquisadores da Embrapa destacam que a ferramenta tem potencial para contribuir com outras estratégias de manejo para controle de verminose e para o fornecimento de informações como insumos de políticas públicas para sanidade dos rebanhos no Brasil.
A tecnologia analisa imagens da mucosa ocular do animal e identifica se ele está com grau avançado de anemia, que é um dos principais sintomas de infecção parasitária.
Manual do Usuário/Reprodução Embrapa
Segundo o pesquisador Marcel Teixeira, da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), integrante da equipe que desenvolveu o aplicativo StopVerme, a ferramenta funciona de maneira semelhante à técnica tradicional de avaliação da coloração da mucosa ocular com o uso do cartão Famacha. A principal diferença está no uso da inteligência artificial (IA) para analisar as imagens, o que oferece potencial para solucionar dois desafios importantes: a baixa disponibilidade do cartão no Brasil e os erros de interpretação decorrentes da subjetividade do manejador.
“A inteligência artificial tem a vantagem de aprender com novos dados. A cada nova imagem capturada, o sistema se aperfeiçoa. Esperamos que, com o tempo, a acurácia e a sensibilidade do método aumentem”, explica Teixeira.
Ele destaca ainda que o objetivo ao desenvolver o aplicativo foi ampliar o uso do controle seletivo, reduzir a administração indiscriminada de medicamentos e, assim, ajudar a combater a resistência aos vermífugos.
“O aplicativo é uma ferramenta adicional. Quando falamos de anemia, estamos nos referindo principalmente a um único parasita, o Haemonchus contortus, mas, isso não elimina a necessidade de avaliação técnica. Em alguns casos, o animal pode apresentar mucosa com boa coloração, mas ainda assim estar com diarreia ou perdendo peso”, alerta o pesquisador. “De qualquer forma, acreditamos que o impacto será significativo, já que cerca de 90% da carga parasitária nos rebanhos geralmente é causada pelo Haemonchus, que é o nosso principal desafio.”
Contudo, algumas das funcionalidades ainda permitirão dados úteis para pesquisas e, possivelmente, para estratégias que podem integrar as políticas sanitárias. Isso porque a ferramenta tornará possível mapear o uso do aplicativo, onde a Embrapa terá acesso aos locais onde estão os maiores níveis de anemia, onde estes animais estão recebendo mais vermífugos e quais vermífugos são utilizados.
Produtores, técnicos e veterinários participaram da fase de validação
A primeira versão do aplicativo foi testada em campo e validada com base em exames de sangue, que confirmaram a acurácia na identificação de graus de anemia. Segundo o pesquisador Selmo Alves, também da Embrapa, a etapa final de testes envolveu 65 propriedades no Ceará, abrangendo diferentes raças ovinas — como Somalis, Santa Inês e mestiços — e contou com cerca de 35 a 40 técnicos, além de produtores rurais.
“Os usuários consideraram o aplicativo fácil de usar e com aplicabilidade prática muito grande”, relata Alves.
O processo contou com o apoio da médica-veterinária Helena Oliveira, da Secretaria de Agricultura de Uruoca (CE), além de técnicos do Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (Senar), da Ematerce e de prefeituras da região.
Passo a passo de como usar o StopVerme
O aplicativo tem uso simples e rápido. Para utilizá-lo, o produtor deve:
Inserir os dados da propriedade e do vermífugo utilizado;
Capturar uma imagem da mucosa ocular; e
Aguardar o processamento da imagem para conferir o resultado.
Caso seja detectada anemia, o tratamento deve ser feito com orientação de um médico-veterinário, garantindo o uso correto do vermífugo e da dosagem adequada. Para mais informações, é possível consultar o Manual do Usuário.