
Produtores de algodão e soja do Oeste da Bahia têm à disposição uma ferramenta digital que auxilia na tomada de decisão sobre o uso de defensivos agrícolas. Ela combina informações meteorológicas com dados de campo para indicar, em tempo real, o risco de ocorrência de doenças e pragas que afetam as lavouras da região.
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A tecnologia, chamada MonitoraOeste, foi desenvolvida pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) em parceria com a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa).
Disponível em formato de aplicativo para dispositivos móveis e plataforma online para computadores, o sistema permite o acompanhamento da incidência da mancha-da-ramulária, de ferrugem asiática e do bicudo-do-algodoeiro. Segundo a Embrapa, essas doenças e pragas podem causar perdas de até 87% na produção no caso do bicudo, por exemplo.
Os dados utilizados pelo MonitoraOeste são coletados por técnicos da Abapa, que realizam o monitoramento de campo com uso de armadilhas e estações meteorológicas. As informações alimentam modelos matemáticos que geram mapas de favorabilidade climática para a ocorrência das doenças. Com base nesses mapas, os produtores podem decidir o momento mais adequado para aplicar defensivos, com base nas condições específicas de sua região.
De acordo com Julio Cesar Bogiani, pesquisador da Embrapa Territorial, a ferramenta considera três fatores principais para a proliferação de doenças: presença do agente causador, existência do hospedeiro e clima favorável. Ao integrar esses dados, o sistema oferece uma análise atualizada da situação, apoiando o planejamento das aplicações fitossanitárias.
O MonitoraOeste está disponível gratuitamente para os produtores da região. Segundo Antônio Carlos Araújo, gerente do programa fitossanitário da Abapa, a ferramenta permite acesso rápido a mapas de ocorrência das doenças e pragas, ajudando na identificação de momentos críticos para o manejo das lavouras.
Além da tomada de decisão sobre o uso de defensivos, o sistema também oferece consultas sobre dados agrometeorológicos, como índice de vegetação, albedo, evapotranspiração e biomassa. Essas informações são disponibilizadas em uma plataforma de sistema de informações geográficas (WebGIS), com resolução ampliada e possibilidade de download de mapas e gráficos.
Os modelos utilizados no MonitoraOeste foram adaptados a partir de estudos conduzidos por diferentes unidades da Embrapa, como o Consórcio Antiferrugem (Embrapa Soja), a Rede de Pesquisa de Ramulária (Embrapa Algodão) e a Embrapa Agricultura Digital. O sistema também funciona como banco de dados para estudos futuros sobre pragas e doenças agrícolas.
O projeto é resultado de um Acordo de Cooperação Técnica e Financeira firmado entre Embrapa, Abapa e Fundação de Apoio à Pesquisa e Desenvolvimento (Faped), com financiamento do Instituto Brasileiro do Algodão (IBA). Também participam da iniciativa a Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a Fundação Bahia, a Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab) e empresas do setor agrícola.