
O faturamento da Cooperativa Agrícola Mista de Tomé-Açu (Camta), a cerca de 200 quilômetros de Belém (PA), deu um salto no último ano em função da disparada das cotações internacionais do cacau. A receita saiu do patamar de R$ 45 milhões até 2023 para R$ 124 milhões no ano passado.
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O presidente da Camta, Alberto Oppata, prefere não estimar quanto deve ser o faturamento deste ano, mas espera uma acomodação nos preços da amêndoa e um consequente recuo na receita da cooperativa.
“Foi um boom significativo. Tivemos o preço do cacau saindo de US$ 3 mil para US$ 13 mil dólares [por tonelada], fator importante. Neste ano, o plano é implementar algo para manutenção do preço. [A cotação] não se mantém em US$ 13 mil, mas deve ficar em US$ 5 mil ou R$ 6 mil”, aponta. Segundo ele, se o preço caísse a US$ 3 mil a tonelada agora, a Camta não teria lucro. A produção de cacau da cooperativa gira em torno de 800 a mil toneladas ao ano.
O cacau não é o carro-chefe da Camta, mas está presente em boa parte dos 7 mil hectares cultivados em sistemas agroflorestais pelos cooperados. Alguns investiram na produção de chocolate e licores, em parceria com agroindústrias de Belém.
É o caso da Casa Suzuki. “Iniciamos o beneficiamento em 2023 para agregar valor ao produto. A produção é orgânica”, conta Ernesto Suzuki, que cultiva cerca de 50 hectares de sistemas agroflorestais e 120 hectares de monocultivos, que serão transformados em agroflorestas.
O principal produto da cooperativa é o açaí. São produzidas cerca de 4 mil toneladas por ano de polpas e sobert, uma sobremesa gelada diferente do sorvete por não conter lácteos nem ovos em sua composição.
Dessa quantia, mais de 3 mil toneladas são exportadas para o mercado japonês e 500 toneladas para a Europa. Cerca de 1 mil toneladas são consumidas no mercado brasileiro. Metade disso é vendida para lojas de Brasília, segundo a Camta.
Dado o volume de produção, o açaí representa 60% do faturamento da cooperativa. A fruta passa por uma série de lavagens, pasteurização e processamento na agroindústria da Camta, na sede do município de Tomé-Açu.
A unidade, que recebeu investimento de R$ 50 milhões em 2022, também processa outras frutas, como maracujá, acerola, cajá, abacaxi, caju, pitaya, murici e manga. Além da produção dos cooperados, a agroindústria da Camta recebe produtos de outros agricultores da região, desde grande volumes que chegam em caminhões até cargas menores, como poucas caixas de produtores independentes.
A próxima expansão planejada para a unidade é para produzir adubos organominerais a partir dos resíduos das frutas processadas no local. A Camta também pretende instalar uma estrutura de usina para queima de parte da biomassa residual e geração da energia necessária para o processo de pasteurização do açaí.
De acordo com a cooperativa, serão investidos R$ 55 milhões por meio de projeto financiado pelo Fundo Amazônia, que ainda está em fase de análise.
A Camta produz ainda cerca de 400 toneladas de pimenta do reino, que são exportadas principalmente aos mercados de Argentina e Japão.