
Estudo voltado à pecuária leiteira demonstra que a prática melhora o bem-estar e o desenvolvimento dos bovinos O alojamento precoce de bezerras leiteiras em pares pode trazer benefícios significativos para o bem-estar e desenvolvimento dos animais. Essa é a conclusão de um estudo conduzido por pesquisadores da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR), Universidade Positivo (UP) e Universidade de Vermont (EUA). A pesquisa avaliou o impacto do alojamento em pares em diferentes idades e concluiu que, quando realizado na primeira semana de vida, o método é mais benéfico.
Leia também
Brinquedos ajudam a reduzir estresse do desmame em bezerros
Bezerras mal colostradas têm o dobro de chances de morrer durante o aleitamento
Ruan Daros, professor do Programa de Pós-graduação em Ciência Animal da PUCPR, explica que a separação de bezerros de suas mães logo após o nascimento é uma prática comum na pecuária leiteira. “Para reduzir os impactos negativos desse isolamento social, a criação de bezerros em pares ou duplas tem se mostrado uma estratégia eficaz para melhorar o bem-estar animal”, detalha.
Foram analisadas 140 bezerras da raça Holandesa, distribuídas em três grupos conforme a idade: 7 dias (precoce), 30 dias (intermediário) e 50 dias (tardio). Os animais foram acompanhados da primeira semana de vida até o desaleitamento, aos 78 dias de vida. O acompanhamento incluiu observações diárias de comportamento, avaliações de saúde, consumo de ração e ganho de peso.
Resultados
Segundo o estudo, bezerras alojadas em pares na primeira semana de vida apresentaram mais fatores que indicam melhor bem-estar animal. “Foram notados comportamentos positivos, como explorar, brincar e interagir socialmente, e menos comportamentos negativos, como ociosidade, comportamentos repetitivos ou anormais”, destaca o pesquisador que conduziu o trabalho, Michail Moroz, que é doutorando da PUCPR.
Embora o peso final das bezerras ao desaleitamento tenha sido semelhante entre os grupos, aquelas alojadas precocemente em pares apresentaram pesos mais homogêneos, o que pode indicar uma adaptação alimentar mais eficiente. Além disso, não foram observadas diferenças significativas na incidência de doenças entre os diferentes grupos, reforçando, conforme o estudo, que o alojamento em pares não compromete a saúde dos animais.
Com base nas conclusões, os pesquisadores recomendam a adoção do alojamento precoce como uma estratégia para maximizar o bem-estar e o desenvolvimento das bezerras leiteiras, sem prejuízos à saúde ou ao desempenho produtivo. “Essa prática pode ser um diferencial importante para produtores que buscam alinhar eficiência produtiva com as crescentes demandas do mercado por bem-estar animal”, frisaram os pesquisadores.
Publicação
O artigo foi publicado no Journal of Dairy Science, em janeiro de 2025, e está disponível neste link. Ao evidenciar a relevância do estudo, os pesquisadores salientam a importância econômica e social da cadeia produtiva do leite, com mais de 1 milhão de propriedades leiteiras espalhadas por 98% dos municípios brasileiros.