
Em um ano em que o mercado de seguro rural tem sido pressionado pelas incertezas em relação à subvenção federal, pela dificuldade no acesso ao crédito e pelas margens apertadas entre os produtores, a Allianz rema contra a maré. O faturamento da carteira de seguro rural da companhia cresceu 54% no acumulado de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de 2024, enquanto o mercado caiu 7%.
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Segundo os dados mais recentes da Superintendência de Seguros Privados (Susep), autarquia que regulamenta o setor, o faturamento da carteira rural da Allianz chegou a R$ 416 milhões em 8 meses, e a expectativa da empresa é seguir em ascensão. O mercado, como um todo faturou R$ 8,6 bilhões.
Em entrevista ao Valor, Rafael Marani, diretor de Agronegócios da Allianz Seguros, disse que foi necessário fazer uma ajuste fino nos produtos oferecidos e apostar em atendimento cada vez mais individualizado para alcançar esse resultado. “O faturamento cresceu impulsionado por estratégias eficazes, como lançamento de seguro a 13 novas culturas, o estabelecimento de novas parcerias com corretores especializados e a implementação de melhorias nos produtos oferecidos”, afirmou.
Hoje, a seguradora atende as principais commodities agrícolas do país — soja, milho e trigo — que representam boa parte do mercado, mas também vem expandindo para outros cultivos.
Rafael Marani, diretor de Agronegócios da Allianz Seguros: “Personalização é um passo importante para a modernização do seguro rural ”
Divulgação
Em 2025, passou a oferecer coberturas para as culturas de amendoim, arroz, aveia, café, canola, centeio, cevada cervejeira, feijão, mandioca, milho em consórcio com braquiária, maçã, tomate e triticale. Sem revelar detalhes, o executivo antecipou que está nos planos o lançamento de novas coberturas para o ano que vem.
A ideia da Allianz é dar foco especial a produtores que usam alta tecnologia e adotam práticas de manejo sustentável nas lavouras. Isso porque o nível de monitoramento de dados que o produtor tem sobre a lavoura e o manejo adequado ajudam a dar mais previsibilidade sobre os resultados de colheita e contribuem com a mitigação de riscos climáticos.
“Geograficamente, a estratégia de crescimento da companhia contempla a ampliação de sua atuação na região Centro-Oeste, com a oferta de produtos adaptados às necessidades específicas dos produtores locais”, afirmou.
Para atender a essas especificidades, segundo Marani, a empresa saiu do modelo padronizado de oferta de seguro rural, no qual todo município tinha a mesma taxa, e passou a analisar cliente por cliente, utilizando imagens de satélite, score individualizado de produção e modelos preditivos. Um exemplo é o “Burning Cost” — que calcula o custo puro do risco, ou seja, o valor médio dos sinistros pagos (ou esperados) por unidade de exposição, sem considerar despesas administrativas, comissões ou margens de lucro.
Também passou a incorporar nas análises dos segurados variáveis climáticas externas de fontes como a Administração Atmosférica e Oceânica dos Estados Unidos (NOAA, na sigla em inglês), e monitoramento climático contínuo com relatórios quinzenais, no intuito de encontrar a proteção adequada ao perfil de cada produtor, a custos considerados atrativos.
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“Essa personalização é um passo importante para a modernização do seguro rural no Brasil. Hoje, cerca de 25% da nossa carteira já é composta por soluções personalizadas”, acrescentou.
Segundo Marani, essa foi a estratégia encontrada pela seguradora para lidar com um ano desafiador para o agronegócio em geral, o que impactou negativamente o setor de seguros agrícolas.






