O vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, disse neste sábado (09) que a prioridade do governo não é retaliar os Estados Unidos pelo tarifaço imposto aos produtos brasileiros. No início da semana, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve apresentar os detalhes do chamado plano de contingência que vem sendo elaborado pelo governo para socorrer as empresas brasileiras afetadas pelo aumento das tarifas.
“O governo entende que é errado o aumento de tarifas, porque se você aumenta tarifas quem paga é o consumidor. Entendemos que isso é um perde-perde, devemos ir para um ganha-ganha. A prioridade não é retaliar, é resolver porque entendemos que a tarifa é injusta”, afirmou durante visita à concessionária Guará Motor, em Guaratinguetá (SP). “Não se pode fazer política regulatória baseada em políticas partidárias”, ressaltou ainda. 
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Alckmin não deu detalhes do plano de contingência que será apresentado pelo presidente Lula, mas reforçou que se trata de um pacote de “medidas mitigatórias” destinado a socorrer as empresas que mais exportam para os Estados Unidos.  “O presidente Lula deve anunciar no início da semana um pacote de medidas mitigatórias, para aquelas que exportam mais e também para aqueles que exportam mais para os EUA”, afirmou.
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O vice-presidente disse que “não tem cabimento” a aplicação de uma tarifa tão alta contra o Brasil já que, dos 10 produtos que o Brasil mais importa do mercado americano, oito deles não recebem tarifa nenhuma.
“Não tem o menor cabimento você ter uma tarifa [média] de 2,7% para [os produtos americanos] entrarem no Brasil e os EUA usarem 50% [contra os produtos nacionais]. Os EUA têm superávit [comercial] com três países grandes: Reino Unido, Austrália e Brasil. Realmente há 36% do comércio [afetados pelo tarifaço], é aí que estamos trabalhando de maneira empenhada”, argumentou.
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Na sexta-feira (08), o Valor informou que a equipe econômica está analisando a situação de cada empresa exportadora para tentar delimitar o máximo possível a extensão das medidas desenhadas para reduzir os efeitos do tarifaço de 50% anunciado pelos Estados Unidos contra os produtos brasileiros.
A expectativa é que o plano seja apresentado até terça-feira. Em outra frente, Alckmin vem sinalizando um possível caminho para a negociação bilateral: a regulação das big techs, o acesso a minerais críticos e a política de data centers.
O “tarifaço” foi formalizado há alguns dias por meio de uma ordem executiva assinada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que implementa uma tarifa adicional de 40% para o Brasil. Somados aos 10% já anunciados em abril, a sobretaxa sobre os produtos do país atinge agora os tais 50% prometidos pelo governo Trump. As taxas entraram em vigor no último dia 6 de agosto.