A aprovação a fusão entre BRF e Marfrig, nesta terça-feira (5/8), teve efeitos distintos sobre as ações das duas empresas na B3. Enquanto Marfrig encerrou o dia com alta de 3,8%, a R$ 22,14, a BRF caiu 0,71%, a R$ 19,49.
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O gestor de renda variável da Nero Capital, Daniel Utsch, avalia que o comportamento do mercado reflete uma correção após dúvidas sobre a aprovação o negócio, anunciado em maio pelas duas empresas. “A probabilidade dessas assembleias não acontecerem já foi considerada razoavelmente grande, mas depois foi diminuindo e agora aconteceram”, destaca.

Com 78,39% dos votos totais pela aprovação na assembleia da BRF, ele diz que o negócio está praticamente concluído, restando apenas a aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
“Ainda existia um pequeno prêmio para BRF até ontem e por isso que hoje a Marfrig está subindo e a BRF está caindo, tornando essa elação de troca mais parecida com a de uma transação normal”, explica o head de renda variável da Nero Capital.
Minerva questiona fusão

Em relação aos questionamentos da Minerva junto no Cade, ele também descarta que haja interferências. “O mercado precifica a probabilidade. É por isso que agora o desconto [de uma ação em relação a outra] está em 2%, porque é uma probabilidade muito baixa”, completa Utsch.
A Minerva alega que fusão, analisada em rito sumário, desconsidera impactos relevantes à concorrência, sobretudo no mercado de alimentos processados. BRF e Marfrig negam. Dizem que o tema foi analisado e aprovado pelo Cade anteriormente, quando a Marfrig ampliou participação na BRF.
“Isso trouxe um pouquinho de dúvida, mas o rito já tinha sido aprovado e a avaliação do mercado financeiro é que não vai acontecer isso, que já está decidido”, avalia Gustavo Cruz, estrategista-chefe da RB Investimentos.
Segundo ele, a principal discussão a partir de agora estará relacionada à venda de ativos para Minerva. “Alguma parte ficou bloqueada principalmente no Uruguai”.