Com crescimento da safra, atividade puxou o crescimento da economia no primeiro trimestre de 2025. Expectativa para o ano é de um resultado razoável, diz economista A agropecuária respondeu por 7,74% do valor do Produto Interno Bruto (PIB) do Brasil no primeiro trimestre deste ano. É o que mostram os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). O setor gerou R$ 233,86 bilhões de um total de R$ 3,01 trilhões.
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A participação do setor em valor adicionado superou a do primeiro trimestre do ano passado, quando os R$ 186,59 milhões representaram 6,67% do total do período, que foi de R$ 2,75 trilhões.
Em todo o ano de 2024, a atividade rural representou por 6,5% do Produto Interno Bruto do Brasil, atualizou, nesta sexta-feira (30/5), o IBGE. Em um ano com problemas climáticos que afetaram a produção, essa participação ficou menor que a de 2023, de 6,9%, e de 2022, de 6,7%.
O ritmo do primeiro trimestre é semelhante ao registrado em todo o ano de 2021, quando o setor teve a sua maior participação da soma das riquezas do país desde 2010. A expectativa para 2025 é da agropecuária entregar um resultado “razoável” à economia brasileira, segundo o economista Sérgio Valle, da MB Associados.
“Quando a gente olhar o resultado de 2025 fechado, o agro vai entregar uma parte razoável do PIB deste ano, por conta desse cenário de câmbio, de preços, que, apesar do que está acontecendo lá fora, não estão tão ruins, e tem uma safra boa”, disse Valle, em entrevista à Globonews.
No primeiro trimestre, a agropecuária puxou o crescimento da economia, informa o IBGE. Em relação ao quarto trimestre de 2024, a expansão do setor foi de 12,2%, a maior desde o intervalo de janeiro a março de 2023. Em comparação com o quarto trimestre de 2024, a atividade rural cresceu 10,2%. No acumulado dos últimos 12 meses encerrados em março deste ano, houve alta de 1,8%.
Na entrevista, Sérgio Valle ressaltou que, neste momento, os principais fatores de crescimento da agropecuária brasileira são domésticos. Mas, ao longo do ano, o cenário internacional deve ganhar peso no desempenho do setor. O economista destacou que a guerra comercial entre Estados Unidos e China tende a aumentar ainda mais a dependência dos chineses pelas commodities brasileiras.
“A corrente de comércio com os chineses vai crescer. O que está acontecendo agora tem um conjunto mais doméstico, mas, ao longo do tempo, a gente vai ver esse efeito com mais intensidade”, explicou.
O crescimento da agropecuária no primeiro trimestre veio em linha com a projeção mediana de aumento de 12,1%, esperada por analistas de consultorias e instituições financeiras consultados pelo Valor Econômico. Em comparação ao primeiro trimestre de 2024, o PIB agro cresceu 10,2%. A expectativa mediana pelo Valor era de aumento de 10,7%.
Na apresentação dos dados do Produto Interno Bruto do primeiro trimestre de 2025, os técnicos do IBGE destacaram O crescimento da produção agrícola foi fator determinante do desempenho do setor no período. Na apresentação dos dados, os técnicos do IBGE destacaram a expansão da colheita de soja, de 13,3% em relação a 2024; milho, de 11,8%; arroz, de 12,2%; e fumo, 25,2%, conforme o Levantamento Sistemático da Produção Agrícola que a instituição divulgou neste mês. (veja gráfico ao final deste texto)
A economista do IBGE, Rebeca Palis, disse que um quarto do crescimento da economia brasileira no primeiro trimestre desse ano em relação ao quarto trimestre do ano passado, foi motivado por agropecuária.
PIB Agropecuário e o interior do Brasil
O economista da MB Associados, Sérgio Valle, destacou que um dos efeitos dessa expansão setorial é o crescimento econômico das regiões do interior do Brasil que têm sua atividade bastante relacionada ao agro, como o Centro-oeste. Dados do IBGE até 2022, os mais recentes, mostram que a agropecuária respondeu por 18,2% do PIB da região. É a maior representatividade no Brasil.
Entre os estados do Centro-oeste, Mato Grosso foi o de maior representatividade no PIB regional. O maior produtor de soja, milho e algodão do Brasil respondeu por 37,4% da riqueza gerada na região em 2022, seguido por Mato Grosso do Sul, Goiás e Distrito Federal.
Na região Norte do Brasil, a agropecuária representou 11,9% do PIB regional, com liderança do Tocantins (23,8%). No Nordeste, a proporção foi de 8,8% em 2022, com liderança de Alagoas (16,9% do PIB da região). No Sul, o campo respondeu por 8,6% das riquezas geradas na região três anos atrás, com dianteira do Paraná (10,4%). E no Sudeste, o setor respondeu por 2,5%, com Minas Gerais no topo da lista (7,5%).
Participação da agropecuária no PIB dos Estados e Regiões do Brasil
O Centro-oeste também foi a região que mais contribuiu com o PIB Agropecuário de 2022, conforme o IBGE. Três anos atrás, 30% das riquezas geradas pelo setor vieram da região. Depois, aparecem Sul (21,2%), Sudeste (19,9%), Nordeste (18,5%) e Norte (10,4%).
Participação dos Estados e Regiões no PIB agro do Brasil