
No quarto trimestre de 2024, resultado ficou negativo em R$ 292,4 milhões A distribuidora de insumos Agrogalaxy, que entrou em recuperação judicial em setembro do ano passado, registrou no quarto trimestre de 2024 um prejuízo líquido ajustado de R$ 292,4 milhões, em comparação com um lucro líquido ajustado de R$ 107,9 milhões no mesmo período de 2023. A perda do trimestre contribuiu para que a companhia encerrasse o ano com um prejuízo líquido ajustado de R$ 2,5 bilhões, ante uma receita de R$ 4,6 bilhões.
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O resultado refletiu eventos não recorrentes relacionados à recuperação judicial e à prioridade que a companhia deu para garantir liquidez imediata, em vez de buscar maximizar margens.
Segundo Eron Martins, CEO da companhia, o quarto trimestre foi marcado pelo movimento da empresa para monetizar ativos e iniciar as negociações com os credores. “Não é um cenário espetacular, porque é um momento de recuperação judicial, mas hoje vemos de uma forma muito mais positiva, com uma geração de caixa fundamental para gerar liquidez. Fazia parte da estratégia para poder aprovar o plano e respeitar os compromissos.”
Mesmo assim, o faturamento sofreu um forte tombo, enquanto a margem foi negativa. A receita líquida do trimestre caiu quase 70%, a R$ 741 milhões. Já o lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) do trimestre foi negativo em R$ 206,3 milhões — um ano antes, o Ebitda foi positivo em R$ 281,7 milhões.
A divulgação dos resultados atrasou um mês porque, desde que realizou demissões para cortar custos, a Agrogalaxy está com poucos funcionários para consolidar as informações financeiras.
Uma das estratégias para garantir liquidez foi realizar vendas à vista com desconto no lugar de transações que tradicionalmente seriam a prazo. A distribuidora também buscou produtores capitalizados que lhe deviam para que pagassem suas dívidas antecipadamente mediante desconto.
Os efeitos da proteção contra os credores também aparecem no resultado do ano. O Ebitda ajustado de 2024, por exemplo, ficou negativo em R$ 1,6 bilhão, mas se forem excluídos os efeitos não recorrentes da recuperação judicial, o Ebitda teria sido negativo em R$ 589 milhões. Segundo o diretor financeiro, Luiz Conrado Sundfeld, a maior parte dos ajustes não recorrentes não teve efeito no caixa.
Entre os efeitos da recuperação judicial estão a provisão para devedores duvidosos, pagamento de multas de contratos de grãos e contratos de aluguéis rompidos pelo fechamento de lojas, vendas com baixo desempenho, estoques vencidos e provisões para despesas da RJ.
Também entram na conta a liquidação de contratos futuros e a reestruturação de dívidas de produtores que deviam à companhia. Segundo Conrado, esses fatores são “normais em negócios interrompidos abruptamente e, por isso, são contabilizados como efeitos pontuais, com possibilidade de reversão no futuro”. No ano, a receita líquida de R$ 4,6 bilhões representou uma queda de 51%.
Para 2025, o CEO vê uma retomada “pé no chão”. A empresa projeta receita líquida de R$ 1,8 bilhão, menos da metade do obtido no último ano, mas um lucro líquido de R$ 793,6 milhões. Martins disse ver um movimento positivo de negociações com fornecedores e produtores para formar estoques para o segundo semestre, quando ocorre o maior volume de entregas.