
A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) alertou para a necessidade de investimentos concretos em ciência e inovação para apoiar a construção de políticas efetivas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas que desafiam o futuro da produção de alimentos e a segurança alimentar no Brasil e no mundo.
Leia também
Agro avança, mas luta contra barreiras à inovação
Governo deve revisar cálculo de emissões de gases da agropecuária antes de entregar Plano Clima
Segundo a estatal, a agenda de ação para a transição no campo para modelos sustentáveis, que será destaque na COP30, em Belém (PA), exige ainda esforços globais de cooperação internacional para replicar práticas e soluções para a emergência vivida no planeta.
Em uma carta intitulada “Contribuições da Embrapa para o mutirão global contra a mudança do clima”, a estatal listou diversas propostas para fazer frente ao desafio de aliar produção agropecuária e combate às mudanças climáticas.
“A ciência tem papel central para antecipar cenários de impacto e ser provedora de soluções para a transformação dos sistemas alimentares e de baixas emissões, tornando-os mais resilientes ao clima. Mobilizar financiamento adequado, sistêmico e de longo prazo para a pesquisa é essencial para a implementação de ações climáticas transformadoras no campo”, diz a Embrapa no documento.
As medidas se concentram em sete objetivos estratégicos: produção sustentável e competitividade; recursos naturais e mudança do clima; tendências de consumo e agregação de valor; segurança alimentar e saúde única; bioeconomia e economia circular; tecnologias emergentes e disruptivas; e inclusão socioprodutiva e digital.
O documento foi entregue pela presidente da estatal, Silvia Massruhá, ao embaixador André Corrêa do Lago, presidente da COP30, e ao enviado especial da agricultura, o ex-ministro Roberto Rodrigues, nesta sexta-feira (31/10), em Brasília.
“Reafirmamos, assim, o papel central da ciência como provedora de soluções para a transformação da agricultura e dos sistemas alimentares terrestres e aquáticos. Ao combinar inovação, inclusão e sustentabilidade, a Embrapa se consolida como parceira estratégica na tarefa de converter compromissos climáticos em soluções concretas, atraindo parcerias e investimentos multilaterais e fortalecendo a liderança do Brasil na vanguarda da ação climática global”, diz o documento.
Segundo a estatal, o Brasil está preparado para apresentar na COP30 uma agricultura “comprometida com a produção sustentável de alimentos, fibras e energia renovável, com inclusão socioprodutiva, competitividade e justiça climática”.
A agenda científica de futuro apresentada pela Embrapa está focada no desenvolvimento de tecnologias para adaptação e mitigação, que aumentem a resiliência da agricultura e dos sistemas alimentares terrestres e aquáticos aos eventos extremos e às novas condições climáticas, além de gerar materiais genéticos resistentes, resilientes e adaptados a diferentes condições de solo e clima.
Saiba-mais taboola
A empresa também mira tecnologias que reduzam as emissões de gases de efeito estufa, aumentem a capacidade de fixação de carbono e de nitrogênio e promovam a biodiversidade no solo, tenham menor pegada de carbono e que sejam capazes de estabelecer protocolos e rastreabilidade dos sistemas de produção sustentáveis, com ênfase na sanidade vegetal e animal, e visando certificação.
Outro objetivo é apostar em pesquisas que gerem modelos de mitigação de riscos provenientes das mudanças climáticas, promovam o afastamento dos combustíveis fósseis, utilizando cada vez mais as fontes renováveis de energia a partir de biomassa, e gerem produtos com alto valor agregado associados a bioeconomia da biodiversidade em todos os seis biomas brasileiros.
Para isso, a Embrapa diz que é preciso investir em pesquisas que foquem em sistemas agroalimentares que promovam tecnologias poupa-terra, façam uso de bioinsumos e tenham aproveitamento eficiente dos recursos naturais. A estatal também quer privilegiar a redução de produtos sintéticos, derivados de petróleo, gás natural e carvão, bem como privilegiar a intensificação sustentável e a biodiversidade.
Cooperação internacional
Outro foco dos investimentos deve ser em pesquisas para recuperação de áreas degradadas, restauração da biodiversidade e utilização de práticas regenerativas e na redução dos custos de produção e aumento da geração de trabalho e renda em todos os elos das cadeias produtivas. A Embrapa indicou também prioridade para tecnologias que evitem as perdas e os desperdícios nos sistemas agroalimentares e que privilegiem a bioeconomia.
A Embrapa enfatizou ainda que “os desafios globais das mudanças climáticas não reconhecem fronteiras e exigem uma cooperação internacional ativa” em áreas como ciência, tecnologia, inovação, formação e capacitação, investimentos e políticas públicas e na partilha de práticas sustentáveis. “A promoção de respostas às emergências climáticas deve ser um esforço global imediato”, diz a estatal no documento.
Em maio deste ano, a Embrapa lançou a iniciativa “Jornada pelo Clima”, em que reuniu a experiência acumulada em cinco décadas de pesquisa a partir de eventos e diálogos realizados pelo país e consolidou uma vitrine virtual com mais de 200 tecnologias que promovem adaptação, mitigação e resiliência. Parte do material será apresentado na AgriZone, espaço organizado pela estatal em Belém, durante a COP30.





