
Em fase de negociação, um possível acordo comercial entre Estados Unidos e China pode ter “um impacto muito grande sobre o Brasil”, especialmente no setor agroexportador. A avaliação foi feita pelo coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, durante participação no Congresso Mundial da Carne, em Cuiabá.
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Segundo ele, a retomada de condições comerciais mais favoráveis entre os dois países tende a alterar os fluxos globais de comércio e afetar a competitividade dos produtos brasileiros. “Se voltar a situação pré-2017, quando a tarifa era zero para Brasil, Estados Unidos e Argentina, volta à normalidade. Mas, se surgir algum mecanismo que privilegie a soja americana em detrimento da nossa, aí é muito ruim”, afirmou.
Jank explicou que, durante a guerra comercial entre Washington e Pequim, o Brasil ampliou significativamente suas vendas de soja para a China. No entanto, se as tarifas voltarem a ser zeradas também para os Estados Unidos, o país asiático pode restabelecer o antigo padrão de compras.
Ele também criticou o uso do conceito de “comércio justo” (fair trade) pelos países desenvolvidos. “É muito difícil definir o que é justo, principalmente quando quem define é o próprio país”, disse. Segundo o especialista, esse tipo de argumento tem sido usado para impor barreiras a produtos brasileiros sob justificativas ambientais ou trabalhistas.
“Nós estamos num mundo sem regra. E, quando cada país decide sozinho o que é comércio justo ou desleal, fica complicado”, concluiu.
* O jornalista viajou a convite do Instituto Mato-Grossense da Carne (IMAC)






