A consolidação da fusão entre Marfrig e BRF, após as duas empresas divulgarem, na última segunda-feira, o cronograma de integração de suas ações na B3 foi bem recebida pelo mercado. No primeiro dia de negociações depois do anúncio, as ações da Marfrig subiram 4,49% e as da BRF, 4,12%, com os investidores atentos aos desdobramentos da operação divulgada em maio deste ano.
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“Essa reação boa do mercado vem ocorrendo há algum tempo, desde que começaram a avançar as negociações da aquisição da BRF pela Marfrig. Com o anúncio final de negociação dos ativos separados e de pagamento de dividendos, é natural esse movimento de valorização”, observou o estrategista chefe da RB Investimentos, Gustavo da Cruz.
Segundo comunicado divulgado na segunda pelas empresas, a BRF distribuirá R$ 3,32 bilhões, sendo R$ 2,92 bilhões em dividendos (R$ 1,83 por ação) e R$ 400 milhões em juros sobre capital próprio (R$ 0,25 por ação). A Marfrig, por sua vez, distribuirá R$ 2,35 bilhões em dividendos (R$ 2,81 por ação). Os pagamentos a acionistas da BRF ocorrerão em 29 de setembro e no dia seguinte aos acionistas da Marfrig, com base na posição acionária de 18 de setembro.
Em relatório divulgado ontem, o banco Goldman Sachs recomendou a compra das ações da Marfrig. O preço-alvo para as ações no prazo de 12 meses é de R$ 26,50, com uma relação entre valor da companhia e seus lucros antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) da ordem de 6,8 vezes, segundo o banco.
Embora tenha recomendado compra, o Goldman Sachs menciona como pontos de alerta o elevado nível de alavancagem da nova companhia, a desaceleração do mercado de carne bovina nos EUA, potenciais embargos comerciais e o cenário macro negativo para a demanda global por carne.
Já o Santander manteve a recomendação neutra para as ações de Marfrig diante do alto nível de alavancagem da nova empresa após a fusão, “apesar do aumento da diversificação” da operação. Atualmente, a Marfrig, tem uma dívida líquida 2,7 vezes superior ao seu Ebitda, segundo dados do balanço divulgado em agosto referente ao segundo trimestre deste ano.
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Em nota, na segunda-feira, a BRF destacou que 99,41% de seus acionistas optaram por permanecer na nova companhia “em uma forte demonstração de apoio e confiança no negócio”.
Na negociação, os acionistas da BRF receberão 0,8521 ação da Marfrig por cada papel que detiverem no fim do dia 22, último dia de negociação das duas empresas separadamente na B3.
A nova companhia, batizada de MBRF, nasce com receita líquida anual de cerca de R$ 152 bilhões, presença em 117 países e 38% do portfólio de produtos de valor agregado, consolidando-se como uma das maiores empresas de alimentos do mundo.