
Associação do setor pediu isenção de taxas para o produto O presidente da Associação Nacional do Café dos Estados Unidos, Bill Murray, avalia que os preços do grão poderão subir “significativa e rapidamente”, se as tarifas comerciais impostas pelo governo de Donald Trump permanecerem. A entidade espera um retorno do governo sobre sua solicitação para que Washington isente o café das taxas. O documento foi enviado há cerca de um mês.
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Até agora, Murray disse que sabe pouco sobre o andamento do pedido, mas que parte das autoridades via com bons olhos a isenção do café, já que os EUA importam 99% do grão que consomem internamente.
“Os preços devem subir rápido e de forma significativa. Não sabemos qual vai ser o impacto do consumidor. O que sabemos é que nossa solicitação chamou a atenção das autoridades americanas. Há muitas outras indústrias que estão buscando isenções e achamos que é um bom sinal de que a nossa solicitação tenha sido bem recebida”, avaliou hoje, durante o Encontro Nacional da Indústria de Café (Encafé), em Campinas (SP).
Por outro lado, se forem mantidas em percentuais elevados, como apresentado pelo presidente Trump em 2 de abril, nações produtoras de café serão prejudicadas em diferentes proporções. As mais afetadas poderão ser Vietnã, México e Colômbia.
No evento realizado pela Associação Nacional da Indústria do Café (Abic), o presidente da NCA não arriscou cifras para decifrar o tamanho do impacto negativo à cadeia do café, mas reiterou que a imposição do governo dos EUA prejudicaria a evolução do mercado de novas marcas de café, que vinham crescendo no país, principalmente devido as novas tendências de consumo entre jovens, que incluem bebidas à base de café geladas, com aromas e suplementos alimentares.
As taxas elevarão os custos de importação, prejudicando as margens das torrefadoras dos EUA e respingando em reajustes no varejo.
Além da apreensão com o preço e com uma potencial mudança no consumo de café, Murray prevê mais incertezas para o mercado cafeeiro à frente, em um momento em que os estoques globais estão reduzidos.
Bill Murray, presidente da Associação Nacional do Café dos Estados Unidos, participou do Encafé
Isadora Camargo/Globo Rural
No caso do Brasil, que atualmente é o principal fornecedor de café verde dos Estados Unidos, as tarifas permaneceriam em 10%, mesmo assim, pode haver um recuo na compra por parte da indústria americana. Contudo, a situação seria pior para origens como o Vietnã, cujas tarifas ficariam acima dos 40%.
“A situação está extremamente dinâmica e temos anúncios todos os dias que sugerem que algo pode mudar, então é impossível prever qual o tamanho da consequência para a indústria de café”, acrescentou.
Ele acredita também que a guerra tarifária deve influenciar o comportamento de compra do americano. “Consumidores vão ajustar seu comportamento e vão fazer um esforço para beber quantidade de café, mas isso talvez mude o comportamento de compra”, explicou durante sua participação online no evento do setor.
Ainda sem saber o impacto nos negócios com o Brasil, Murray destacou que o país é o “parceiro número 1” no mercado de café. Hoje, os EUA importam cerca de 25 milhões de sacas de café por ano.
“Os níveis gerais de importação não devem diminuir a curto prazo, mas se as tarifas permanecerem válidas por um longo período, os consumidores terão de fazer escolhas difíceis sobre o que irão comprar e o café estará nesse bolo”, reiterou.