Colheita cafeeira do país deve cair 6,4% nesta safra, afirma Rabobank O Brasil pode ser a grande potência do café nos próximos 25 anos, diante da pressão das quebras de safras globais, redução de estoques do grão no mundo e volatilidade nos preços da commodity, que vem atingindo recordes históricos desde o final de 2024. A projeção é do economista Marcos Troyjo, que abriu a 30ª edição do Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé), que começou nesta quarta-feira (23/4) em Campinas (SP).
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Ele também reforçou que a “trumpulência”, conceito do momento para classificar as recentes decisões comerciais do governo Donald Trump, é capaz de modificar as relações de negócios globais do café. “A geopolítica voltou ao centro das atenções e a trumpulência se tornou um conceito que inclui as disputas dos Estados Unidos em relação ao comércio global, implementando uma política que não tem exceção e gera combate para todos os países parceiros, gerando atritos e turbulência”, explicou.
Outra tendência global que deve mexer com o mercado do café, segundo Troyjo, é o crescimento populacional de nove países asiáticos e africanos até 2050, entre eles a Índia, Paquistão e Nigéria, qualificando novos bebedores de café.
Para ele, o Brasil é a nação capaz de suportar essas demandas, porque possui vantagem competitiva na produção de alimentos, inclusive do café, apesar de alterações climáticas.
O desafio, por outro lado, vai ser agregar valor e manter café de qualidade para o mercado doméstico. Ainda assim, o economista acredita que o consumo de café está se multiplicando em número e escala, oportunidade para o Brasil que se fortalece neste ano com turbulências geopolíticas, em especial com a recente postura dos Estados Unidos sobre as tarifas recíprocas entre países, pesando mais sobre a China. Se o vaivém comercial de Washington continuar, há mais oportunidade internacional no Brasil, acrescenta Troyjo, mesmo sendo perigoso para outros países, como é o caso da China e do Canadá.
De acordo com o economista, o Brasil tem a principal vantagem competitiva do cenário atual: ser grande produtor e exportador de alimentos, além de ter encaminhado uma desburocratização tributária que pode favorecer a ampliação de parcerias com outros países, sem depender dos Estados Unidos.
“O Brasil é o maior país ter superávit comercial com a China, ao mesmo tempo que está entre as 12 nações que pode ter déficit comercial com os EUA”, destacou Troyjo.
Encontro Nacional da Indústria do Café (Encafé) começou nesta quarta-feira (23/4) em Campinas (SP)
Isadora Camargo/Globo Rural
Projeção de safra do café
Enquanto isso, o banco holandês Rabobank revisou para baixo a safra de 2025/26 do café no Brasil, para 62,8 milhões de sacas. O volume representa uma queda de 6,4% em relação ao ciclo anterior. As estimativas são baseadas em uma ronda pelas lavouras cafeeiras em fevereiro e março deste ano, resultando no balanço de abril, divulgado ontem pela instituição.
Para o café arábica, a redução esperada é de 13,6%, enquanto o robusta deve atingir um recorde de 24,7 milhões de sacas, crescendo 7,3%.
“O clima seco em 2024 afetou significativamente o pegamento da florada e, consequentemente, a produção de café arábica. No entanto, estima-se excelentes produtividades para o café robusta, apesar de uma perspectiva pessimista para o estado de Rondônia”, afirmou o banco.
O Rabobank também pontuou a desaceleração nos embarques de café brasileiro. No primeiro trimestre de 2025, as exportações totalizaram 10,7 milhões de sacas, 11% a menos do que no mesmo período de 2024.
Contudo, a instituição afirmou que situação pode melhorar com a entrada da nova safra brasileira de 2025/26 a partir de junho ou julho.