
Executivo da multinacional controlada por chineses afirma que ambiente de guerra comercial deve levar a um direcionamento do setor de proteção de cultivos ao mercado brasileiro O setor de insumos agrícolas vive um momento de forte competição, afirmou o presidente da Syngenta Brasil, André Savino, durante evento da companhia realizado nesta terça-feira (15/4), em São Paulo. O aumento da participação de defensivos agrícolas genéricos é um dos principais desafios da indústria de proteção de cultivos, avaliou o executivo.
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Segundo ele, os genéricos já respondem por 49% do mercado, que movimenta, anualmente, US$ 15,4 bilhões. E boa parte dessa concorrência vem da China, país de origem, inclusive, de sua controladora, a Sinochem Holdings.
“Nos próximos três anos, teremos uma hipercompetição estressando nossa rentabilidade, desafiando a mudar nossa estratégia”, disse Savino. “A gente tem um excesso de capacidade e produto na China, e, com mudanças do mercado, por todas as questões de guerras tributárias, o mercado vai ser muito direcionado para o Brasil. E a gente vai ver novos players e novos produtos”, explicou.
Para o executivo, a atual situação geopolítica, de guerra comercial entre chineses e americanos, traça uma linha tênue entre riscos e oportunidades. E só serão capazes de encarar este cenário as empresas que “vão trabalhar para maximizar os diferenciais estratégicos”.
Na Syngenta, a aposta é a diversificação de produtos. A empresa saltou de 97 linhas em 2020 para 164 em 2024, e projeta alcançar 200 até 2030, com foco em soluções biológicas e de nova geração.
No ano passado, o segmento agrícola da empresa registrou, vendas de US$ 13,2 bilhões, um recuo de 13% em relação a 2023. Ainda assim, Savino mantém uma perspectiva otimista, e acredita que a ampliação do portfólio trará “sustentabilidade financeira” ao negócio.
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Do ponto de vista do crédito para o produtor, o executivo avaliou que o cenário ainda é de “ressaca dos anos anteriores. Você vê dinheiro com juros muito altos”. O custo de capital elevado compromete a rentabilidade do produtor. O caminho para ele se manter fortalecido financeiramente é a produtividade. “A única saída é produzir bem”, afirmou.
Como alternativa, a empresa tem investido em ferramentas financeiras e ampliado o uso do barter – a troca do insumo para o plantio por parte da colheita futura – modelo de operação que já representa entre 20% e 30% das transações da companhia no país. O Brasil ocupa uma posição central na estratégia da empresa. Segundo Savino, é a principal unidade de negócios no mundo.