
A sinalização dada por tradings de soja de que podem sair da Moratória da Soja para evitar perder os benefícios fiscais de Mato Grosso já é vista como um “retrocesso” pelas organizações ambientalistas.
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O diretor executivo do WWF-Brasil, Mauricio Voivodic, afirmou nesta terça-feira (30/12) que a eventual saída de empresas do acordo representaria um retrocesso para o agronegócio brasileiro e para os compromissos ambientais do país.
Segundo ele, a organização não foi formalmente comunicada sobre a decisão, mas acompanha as sinalizações de que tradings avaliam abandonar o acordo diante de pressões do governo de Mato Grosso.
De acordo com Voivodic, a saída da Moratória para preservar incentivos fiscais indicaria dependência de recursos públicos e enfraquecimento de cadeias produtivas ao associá-las ao desmatamento da Amazônia. Ele ressaltou que a Moratória da Soja permitiu a expansão da produção sem avanço do desmatamento direto no bioma, ao estabelecer salvaguardas ambientais adotadas pelo setor.
O dirigente citou dados recentes do sistema Prodes, divulgados em novembro, que apontam Mato Grosso como o único Estado da Amazônia Legal a registrar aumento do desmatamento no período mais recente. Para o WWF-Brasil, a adoção de normas que fragilizam salvaguardas ambientais tende a ampliar a pressão sobre áreas florestais e elevar o risco de conversão de vegetação nativa.
Voivodic também destacou que a perda de cobertura florestal compromete funções ecológicas ligadas à regulação do clima e do regime de chuvas, com impactos sobre a produtividade agrícola, a segurança hídrica e a estabilidade econômica do próprio agronegócio.
Ainda segundo ele, o enfraquecimento da Moratória pode afetar a percepção internacional da soja brasileira, em um contexto de maior exigência dos mercados globais por cadeias livres de desmatamento.
“O enfraquecimento desse pacto compromete a competitividade do Brasil, fragiliza sua credibilidade externa e dificulta o cumprimento da meta de zerar o desmatamento até 2030”, afirmou.





