O preço médio do leite pago ao produtor caiu pelo oitavo mês consecutivo no país, encerrando novembro com média de R$ 2,1122 por litro, em queda de 8,31% em relação a outubro e de 23,3% em relação ao mesmo mês do ano passado, em termos reais, descontando a inflação medida pelo IPCA. Os dados são do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Esalq/USP.

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No acumulado do ano, o preço médio do leite registra uma queda real de 21,2%. De acordo com o Cepea, as quedas consecutivas são explicadas pelo elevado abastecimento do mercado.

O Cepea projeta para o ano um aumento de 7% na captação industrial de leite no país, para o recorde de 27,14 bilhões de litros. A produção de leite cru foi favorecida por investimentos feitos em 2024 e pelo clima mais favorável ao longo do ano. De outubro para novembro, o Índice de Captação de Leite (ICAP-L) subiu 1,61% na média Brasil, acumulando alta de 15,9% na parcial do ano.

A oferta de lácteos também é reforçada pelas importações, que seguem em patamares elevados, apesar de terem recuado 14,8% em novembro. Foram importados no período 2,05 bilhões de litros em equivalente leite (Eql), 4,8% menos que no mesmo período de 2024. As exportações caíram 33% no mesmo período, para 62,4 milhões de litros e equivalente leite.

Agentes de mercado relatam aumento de estoques na indústria e nos canais de distribuição. Com isso, os laticínios operam com margens pressionadas. Levantamento feito pelo Cepea com a Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) mostra que, em novembro, o queijo muçarela teve queda real de 3,7%, para média de R$ 28,99 por quilo; o leite UHT teve queda real de 11,1%, para média de R$ 3,59 o litro; e o leite em pó caiu 2,9%, para R$ 28,57 o quilo.

Ao mesmo tempo em que a queda dos lácteos foi repassada ao preço do leite cru, os custos de produção de leite subiram. Apesar do preço da ração ter recuado 0,63% em novembro, o custo operacional efetivo subiu 0,22%, devido à valorização de outros insumos.

O aumento do preço do milho também deteriorou o poder de compra do produtor. Em outubro, foram necessários 28,4 litros de leite para comprar uma saca de 60 quilos de milho, alta de 7,1% em relação a setembro e de 2,3% em relação à média dos últimos 12 meses.

O cenário indica queda na rentabilidade e tendência de redução dos investimentos no campo nos próximos meses.