
O chamado cultivo sombreado, em conjunto com outras boas práticas, tem ganho importância como manejo sustentável na erva-mate no Paraná, principal produtor nacional. Na Região São Matheus, onde a cultura tem selo de Indicação Geográfica (IG), cerca de 60 produtores adotam essa forma de cultivo, aliando a planta a árvores como araucária, imbuia e cedro.
Leia também
Erva-mate fatura mais de R$ 1 bi e pode ter novo ciclo de crescimento no Paraná
Concurso busca encontrar a maior árvore de erva-mate do RS
O cultivo de erva-mate encontra condições ideais no Paraná, devido a uma combinação específica de clima mais frio, solos férteis e ambiente propício, características que, segundo Ivar Wendling, pesquisador da Embrapa Florestas, conferem à erva-mate paranaense uma qualidade superior.
A região de São Mateus do Sul, em particular, é reconhecida por ter as condições mais favoráveis. Em maio deste ano, a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO) concedeu o título de Patrimônio de Sistemas Agrícolas de Importância Global para o cultivo da erva-mate sombreada nas florestas de araucárias do Paraná.
Proteção ambiental
As plantas de erva-mate com IG são de procedência nativa, o que significa que elas mantêm a genética que é natural dessa região com sua anatomia, cor e sabor peculiar. Para a produtora Ana Cláudia Zampier, que também é engenheira florestal, a importância da cultura, além dos aspectos econômicos e sociais, está na preservação dos remanescentes da floresta ombrófila mista, popularmente conhecida como mata de araucárias.
“A erva-mate é uma guardiã da floresta ombrófila. Além da araucária, muitas outras espécies são preservadas por meio desse cultivo como canelas, cedro, frutíferas”, evidencia. “É um conhecimento ancestral, ensinado por nossos antepassados”, acrescenta.
Nas propriedades dela e da irmã, Ângela, a adubação é orgânica e o controle de pragas é biológico. Ela também comenta que toda a produção é entregue para uma indústria que processa e exporta o produto.
Segundo o Instituto de Desenvolvimento Rural do Paraná (IDR-PR), o cultivo sombreado, diferentemente do sistema a pleno sol, promove uma incidência de luz diferenciada, resultando em uma planta com mais taurina e teobromina, que são componentes mais valorizados pelas indústrias de chás, de energéticos e de cosméticos.
O tempo para a primeira colheita em um erval é de aproximadamente 4 anos, em condições ótimas. A poda de colheita ocorre, normalmente, a cada 18 meses no sistema a pleno sol, e 24 meses no cultivo sombreado.






