A concessionária Nova 364 planeja antecipar as obras da via conhecida como Expresso Porto, que dá acesso aos terminais portuários em Porto Velho, capital de Rondônia. A empresa informou estar autorizada pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) para começar já em 2026 o trabalho que, pelo contrato de concessão, tinha início previsto para 2031.
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No pedido de antecipação à ANTT, a concessionária argumentou que a obra é de interesse público. Nas condições atuais, o tráfego, estimado em 1,2 mil veículos pesados por dia, em média, provoca congestionamentos, além de aumento de custos operacionais e riscos de acidentes.
“É uma medida de gestão que prioriza a eficiência. Aguardar o prazo original penalizaria a economia regional e a segurança”, afirma o diretor-presidente da Nova 364, Wagner Martins, em comunicado.
Segundo a concessionária, a obra é de interesse público
Divulgação
A Expresso Porto é uma via de 34,5 quilômetros de extensão, que conecta os terminais portuários à BR-364, que estará sob administração da concessionária por 30 anos. Integra uma das mais importantes rotas logísticas para o agronegócio dentro do chamado Arco Norte do Brasil, pela hidrovia do Rio Madeira.
“Esse trecho (Expresso Porto) é parte municipal e parte estadual. A princípio, não fazia parte da concessão, mas a ANTT incluiu. É nossa obrigação contratual não apenas pavimentar, mas também fazer toda a operação”, explica Martins, em entrevista à Globo Rural.
Ele afirma que a melhoria na Expresso Porto é uma demanda de representações do agronegócio e de operadores logísticos. A infraestrutura atual, além de atrasar a movimentação de carga, carrega o tráfego dentro de Porto Velho e interfere nas atividades de um hospital próximo da entrada da via.
Em períodos secos, o tráfego pesado resulta em “nuvens” de poeira, que comprometem a visibilidade e a segurança dos motoristas, ressalta o executivo. Em períodos chuvosos, o movimento chega a ficar inviável, deslocando milhares de carretas carregadas para a área urbana.
A promessa da concessionária é a de entregar uma via totalmente pavimentada, sinalizada e com obras complementares, como rotatórias e intersecções. A intenção é construir também um ponto de parada e descanso para caminhoneiros.
A Nova 364 prevê um investimento de R$ 210 milhões em melhorias nas Expresso Porto. A autorização da ANTT, no entanto, não significa um início imediato das obras. Ainda é preciso aprovar os projetos executivos e obter as licenças ambientais necessárias.
De outro lado, a antecipação das melhorias prevê o que a agência chama de “acréscimo de reequilíbrio”, uma espécie de compensação à concessionária pelo atendimento ao interesse público da obra. Para a Nova 364, a compensação deverá vir na forma de um percentual acrescido à tarifa de pedágio.
Mais de 700 quilômetros
A concessionária venceu o leilão de concessão da BR 364 em fevereiro de 2025. Assinou o contrato com o governo federal em julho e, assumiu, oficialmente, as operações da rodovia, em agosto deste ano. A empresa deve administrar por 30 anos uma malha viária total de 720 quilômetros, incluindo o trecho principal e a Expresso Porto.
“Rondônia é uma fronteira agrícola. Esse corredor tem potencial de crescimento para se equiparar ao da Br-163, e, para isso acontecer, precisa de infraestrutura”, explica Martins. “Foi dentro dessa visão que a empresa participou do leilão de concessão”, acrescenta.
O trajeto sob concessão vai dos municípios de Vilhena, próximo da divisa com Mato Grosso, até a capital de Rondônia, Porto Velho. São 686,7 quilômetros. O investimento total previsto ao longo do contrato totaliza R$ 12,8 bilhões.
Metade do valor deve ter como destino a recuperação e obras de melhoria da rodovia até o oitavo ano do contrato. A outra metade do montante será para inspeção, recuperação e para os chamados “ciclos de manutenção” da infraestrutura da via.
Martins explica que, nesta fase inicial, o trabalho da concessionária se concentra em recuperação, reparos e sinalização da atual estrutura, para garantir as condições de tráfego na via. Ao mesmo tempo, a empresa trabalha nos projetos de melhoria e na documentação necessária para executá-los conforme contrato.
A promessa da concessionária é de duplicar 107 quilômetros da via entre o quarto e o sexto ano de concessão, para quando também estão previstos 190 quilômetros de faixa adicionais.
O projeto prevê também conectividade, monitoramento por câmeras, equipamentos de pesagem de carga em movimento e três áreas de descanso. As praças de pedágio devem “free flow”, com sistema eletrônico de cobrança da tarifa.
“Nossa expectativa é de que a gente tenha um crescimento de PIB regional maior do que o nacional e, gradativamente, tenha um payback desse investimento ao longo dos anos”, avalia Wagner Martins, diretor-presidente da Nova 364.