
O ano de 2025 foi marcado por altos e baixos na piscicultura brasileira. Oferta elevada, flutuação nos preços, e impacto do tarifaço marcaram o ano do setor. Francisco Medeiros, presidente da Associação Brasileira da Piscicultura (Peixe BR), destaca que foi um ano de contrastes e transformações.
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De acordo com ele, 2025 foi marcado por dois momentos distintos. “Tivemos um primeiro semestre com grande oferta de produto, o que pressionou os preços para baixo. As indústrias também reduziram valores no food service e no atacado”, explica, em nota.
O consumidor também se tornou um aliado importante. “O período de preços mais baixos trouxe novos consumidores, que se fidelizaram. Hoje, em busca de saudabilidade e sabor, preferem o peixe de cultivo, em especial a tilápia”, completa.
O movimento de mercado se inverteu no segundo semestre, quando a demanda voltou a crescer. “No último trimestre, houve uma recuperação significativa dos preços pagos ao produtor. A indústria, no entanto, teve dificuldade em repassar esses valores imediatamente ao mercado”, destaca.
Apesar das oscilações, o setor fecha o ano com perspectiva positiva. A entrada de peixes de cultivo na cesta básica da reforma tributária é considerada um marco, na avaliação do dirigente. “Essa inclusão representa um ganho estratégico para a competitividade no mercado interno”, afirma.
Impactos do tarifaço
Sobre o tarifaço imposto às exportações pelo governo dos Estados Unidos, Medeiros reconhece que os efeitos foram desiguais. “O volume exportado pelo Brasil representa apenas de 3% a 5% da produção total, então o impacto geral foi limitado. Mas, para as empresas exportadoras, que têm investimentos dedicados, o efeito no fluxo de caixa foi muito significativo”, pondera.
A migração obrigatória de produto para o mercado interno exigiu ajustes. “Transferir 3% a 5% não é difícil. Mas transferir 30% é um desafio grande. Ainda assim, o setor conseguiu se adaptar e enfrentar esse cenário”, avalia.
Tilápia na lista de espécies invasoras
Um dos temas mais sensíveis de 2025 foi a inclusão da tilápia em uma proposta de lista de espécies invasoras. Para Medeiros, o tema exige máxima atenção. “Essa é uma grande preocupação. O Ministério do Meio Ambiente (MMA) postergou a decisão para 2026, e estamos trabalhando intensamente para evitar a inclusão. Isso é fundamental para o negócio”.
Importações do Vietnã
De acordo com a Peixe Br, outro ponto crítico para o setor foi o aumento das importações de pescado do Vietnã. Medeiros aponta distorções no processo. “A importação deve ocorrer quando há falta de produto, o que não é o caso da tilápia. Isso aconteceu justamente no ano de maior safra e de menores preços ao produtor”, observa.
Segundo ele, o episódio trouxe preocupação em relação a riscos sanitários e à falta de isonomia competitiva. “Há protocolos permitidos no Vietnã que não são autorizados no Brasil. Também não há equivalência tributária, ambiental ou trabalhista. Estamos cobrando das autoridades a correção dessas não conformidades para garantir concorrência justa”, reforça.






