
O agronegócio em Minas Gerais atingiu no acumulado de janeiro a novembro deste ano um Valor Bruto da Produção (VBP) de R$ 171,80 bilhões, o que representa um crescimento de 15,2% em relação ao mesmo período de 2024, informou nesta terça-feira (16/12) a Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais (Faemg). O desempenho foi impulsionado pelo aumento mais consistente dos ganhos com café, soja e milho. Para 2026, a expectativa da Faemg é que o agronegócio mineiro mantenha um ritmo de crescimento acima dos 10%.
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A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) estima para o agronegócio brasileiro um crescimento do VBP de 5,1% em 2026, para R$ 1,57 trilhão. Em 2025, o crescimento estimado para o ano é de 11,9%, para R$ 1,49 trilhão.
“Se houve melhora na tendência para o leite, com as perspectivas de crescimento no faturamento com pecuária bovina, produção de frango, suínos, certamente vamos ter um crescimento do VBP. No caso dos grãos, talvez não tenhamos um crescimento tão significativo de soja e milho, mas não vejo tendência de baixa. Agora se vai crescer 15%, 17%, não tem como saber. Mas certamente serão dois dígitos de crescimento”, afirmou Antônio Pitangui de Salvo, presidente da Faemg.
De janeiro a novembro, o setor agrícola movimentou R$ 111,94 bilhões, com crescimento de 17,1%, e o pecuário cresceu 11,9%, para R$ 59,87 bilhões.
Os produtos que mais cresceram foram café, com aumento no faturamento de 42,9%, para R$ 57,52 bilhões; soja, que cresceu 23,1%, para R$ 17,88 bilhões; milho, com avanço de 16,7%, para R$ 7,55 bilhões. Na pecuária, o faturamento do boi gordo aumentou 18,2%, para R$ 17,98 bilhões; frango cresceu 10,8%, para R$ 6,06 bilhões; suínos tiveram aumento de 18,7%, para R$ 5,78 bilhões; e leite aumentou 5,9%, para R$ 26,73 bilhões.
O presidente da Faemg destacou o recorde nas exportações de janeiro a novembro, que atingiu US$ 18,1 bilhões, com crescimento de cerca de 13% em relação ao mesmo intervalo de 2024. Em volume, houve declínio de 6,6%, para 15,23 milhões de toneladas.
O resultado foi impulsionado pela valorização nos preços das commodities. O café respondeu por 56,1% da exportação mineira do agronegócio, com US$ 10,15 bilhões exportados e mais de 70% de todo o café brasileiro destinado ao exterior. A Faemg também ressaltou os embarques do complexo Soja (US$ 2,82 bilhões) e sucroalcooleiro (US$ 1,86 bilhão).
“Certamente, sem o tarifaço, o fluxo de exportação teria sido mais contínuo. Por três meses houve uma redução significativa dos embarques, mas acabamos triangulando via Colômbia, ou retendo e vendendo depois. O café pode ser estocado, não se perde como outros produtos. Então não vejo grande problema com o tarifaço. No caso da carne é a mesma coisa”, afirmou o presidente da Faemg.
Ele salientou, no entanto, que algumas cadeias produtivas seguem sofrendo o impacto do aumentas tarifas de importação pelos Estados Unidos, como de tilápia, madeira e mel.
Em relação ao possível impacto do fechamento do acordo comercial entre União Europeia e Mercosul, De Salvo disse que se o acordo for fechado como está vai ser bom para o Mercosul como um todo. Mas há risco de países como a França pressionarem por mudanças no acordo, para beneficiar seus agricultores.
A Faemg destacou como desafio para o setor a restrição severa ao crédito rural. De julho a outubro, o valor contratado em Minas Gerais somou R$ 20,41 bilhões, uma retração de 16% em comparação com o mesmo período de 2024. A queda reflete a alta na taxa de juros, o aumento da inadimplência, que chega a 11% no país, e o maior rigor das instituições financeiras na liberação de recursos e renegociação de dívidas.
“O seguro já foi de R$ 4 bilhões e hoje é de pouco mais de R$ 500 milhões. No próximo ano, não chega a cobrir 5% da área plantada. A parte do seguro agrícola também precisa ter uma atenção. Essa redução acende u sinal de alerta. É preciso entender o que está provocando essa queda no crédito dos produtores”, disse De Salvo.
Outro desafio é superar a crise na pecuária leiteira. Apesar da captação de leite ter crescido 4,3% este ano, a entrada de leite em pó importado derrubou os preços pagos ao produtor, com nove quedas consecutivas nas cotações.
“Minas tem cerca de 220 mil produtores sofrendo com a importação de leite em pó do Uruguai e da Argentina, vendido pela metade do preço praticado nesses países. Isso é dumping, é comércio desleal”, afirmou De Salvo.
O executivo disse que a Faemg tem trabalhado com o governo de Minas Gerais e a Assembleia Legislativa para adotar medidas para proibir a reidratação do leite em pó importado para uso em alimentação humana no Estado.
Ele acrescentou que é necessário fortalecer o trabalho de capacitação e profissionalização dos produtores de leite, para que melhorem a produtividade da produção no país. Ele observou que a média de produtividade no mundo é de 2.800 quilos de leite por vaca por ano. Na Argentina, a produtividade média é de 9 mil quilos por vaca. Nos Estados Unidos chega a 14 mil quilos por vaca. no Brasil a média é de 2.450 quilos por animal, ficando abaixo da média mundial.






