As tarifas adicionais impostas pelos Estados Unidos a produtos brasileiros seguem provocando perdas às exportações de café solúvel. De acordo com a Associação Brasileira da Indústria de Café Solúvel (Abics), em outubro, os embarques do produto para território americano encolheram 57% em volume, em relação ao mesmo período do ano passado. Em setembro, a queda foi de 45,4%, e, em agosto, de 60%.
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No acumulado de janeiro a outubro, as exportações de café solúvel para os Estados Unidos acumulam queda de 14%. No ano todo de 2024, o país foi o destino de 20% das exportações brasileiras de solúvel, o equivalente a 800 mil sacas, ou US$ 200 milhões.
“As exportações para os Estados Unidos só não foram zeradas porque as indústrias de lá estão fazendo uma manutenção mínima de estoques”, disse Aguinaldo Lima, diretor de Relações Institucionais da Abics.
Ele ponderou que o café solúvel é apenas envasado nos Estados Unidos, sem ser misturado com cafés de outras origens, diferentemente do que acontece com o café verde. O Brasil responde por 39% do café solúvel disponível no mercado americano. O tarifaço sobre o produto brasileiro também afeta os consumidores dos EUA.
“O nosso produto começa a faltar na prateleira. Se o consumidor experimenta outro e se acostuma, o nosso café perde espaço na prateleira. Quanto mais tempo leva, maior o risco de perda de mercado”, afirmou Lima.
O executivo acrescentou que, enquanto o café solúvel do Brasil é submetido a uma tarifa total de 50%, outros concorrentes têm tarifas bem menores, como Vietnã (20%), Indonésia (19%), Equador (15%), Colômbia (10%) e México (25%).
A Abics informou que segue em negociações com clientes e governos para buscar uma saída para o café solúvel brasileiro. Na próxima semana, a Abics reúne-se com associados, representantes do Cecafé e estrategistas para definir a melhor forma de atuar daqui em diante. A entidade também já solicitou novas reuniões com o governo para avançar nas negociações com os Estados Unidos.