A gigante de carnes JBS registrou lucro líquido de US$ 581 milhões no terceiro trimestre deste ano, queda de 16,16% no comparativo anual, conforme balanço financeiro divulgado nesta quinta-feira (13/11). O cenário se agravou no mercado de bovinos nos Estados Unidos, que vive um ciclo de restrição na oferta de animais, o que levou a JBS Beef North America a ter margens negativas no período. A operação americana representa cerca de 30% do resultado consolidado do grupo.
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O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda, na sigla em inglês) ajustado também recuou, ao passar de US$ 1,83 bilhão no terceiro trimestre de 2024 para US$ 1,62 bilhão no mesmo intervalo deste ano.

“Tivemos uma queda no Ebitda que é quase toda explicada pelo bovino nos EUA. Estávamos com margem positiva e agora estamos com margem negativa”, disse o CEO global da JBS, Gilberto Tomazoni.

Em entrevista à reportagem, o executivo ressaltou que esta continua sendo a operação mais desafiadora do grupo, mas trata-se de algo que já era esperado, uma vez que o processo de recuperação do gado ocorre lentamente. Além disso, as áreas de pecuária dos EUA foram atingidas por uma seca severa.

“Vemos o começo da retenção de animais. Não é uma coisa que vai se resolver no quarto trimestre, nem no ano que vem. Acho que para 2027 vamos ver uma recuperação”, afirmou Tomazoni.

O Ebitda ajustado da JBS Beef North America ficou negativo em US$ 42 milhões no terceiro trimestre. Um ano antes, este indicador estava positivo em US$ 117 milhões. A margem caiu 2,5 pontos percentuais, para -0,6%.
Outras proteínas

Os negócios de frango, que vinham impulsionando o desempenho da JBS até o primeiro semestre, arrefeceram. O Ebitda ajustado da Pilgrim’s Pride teve leve queda de 0,8% no terceiro trimestre, para US$ 770 milhões. Apesar do recuo, Tomazoni considera o resultado robusto, devido a um trabalho bem sucedido nos produtos de valor agregado e no portfólio de marcas.

A Seara, operação de aves e suínos da JBS no Brasil, teve o resultado afetado pelas restrições temporárias nas exportações brasileiras de frango para diversos compradores, após um caso de gripe aviária ocorrido na unidade comercial de uma empresa concorrente em maio. O foco da doença foi encerrado em junho, mas os importadores tiveram um retorno gradativo. As ausências de China e União Europeia foram as mais prejudiciais ao mercado.

Com isso, o Ebitda ajustado da Seara recuou 30% no terceiro trimestre para US$ 323 milhões e a margem baixou 7,3 pontos, para 13,7%. Entretanto, o CEO da JBS destacou que a expectativa é positiva para a Seara, com o retorno da demanda dos chineses e europeus ao frango brasileiro. China retirou o embargo neste mês e a UE em setembro.

“É bem positiva a condição da Seara ao voltar a acessar esses dois mercados, faz um diferença significativa”, enfatizou.

Na área de bovinos, a JBS Brasil registrou redução de 18,7% no Ebitda ajustado, para US$ 307 milhões. Sem detalhar em números, Tomazoni admitiu que a imposição de tarifas adicionais de 50% dos EUA contra produtos do Brasil — que levou as taxas de embarque de carne bovina para 76,4% — reduziu os volumes exportados aos americanos, embora a venda ainda continue, e teve impacto negativo para algumas fábricas da Friboi, marca de cortes bovinos da JBS Brasil.

“Os EUA pagavam um preço premium comparado com os outros mercados”, disse Tomazoni. No entanto, ele observa que os volumes foram realocados em outros mercados e a demanda, tanto interna quanto externa, continua grande.
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Apesar das adversidades operacionais em diferentes segmentos do grupo, o faturamento foi recorde e ficou positivo em todas as unidades de negócios. Assim, a receita líquida consolidada pela JBS avançou 13,4% no terceiro trimestre, para US$ 22,6 bilhões.
Equilíbrio financeiro3º trimestre;

O diretor de finanças e relações com investidores da JBS, Guilherme Cavalcanti, avalia que o nível de controle da empresa sobre a alavancagem também é um destaque. “A gente espera terminar o ano abaixo de 2,5 vezes na relação entre dívida líquida e Ebitda, é uma posição confortável”, estima.

O grupo também utilizou estratégias de alongamento de dívida nos últimos meses e, segundo Cavalcanti, nos próximos cinco anos “praticamente não há amortização de dívida para fazer, o que deixa a companhia preparada para qualquer situação”. Desta forma, se vier uma crise, ela seria suportada financeiramente e se não houver, há espaço para aquisições e outras medidas de expansão.