A Cargill está reforçando sua estrutura de logística no Norte do Brasil, onde transporta grãos pelas hidrovias dos rios Madeira e Tapajós. Até a metade de 2026, dez novas barcaças devem entrar em atividade. Duas já estão integradas. Outras oito estão no estaleiro.
Leia também
Cargill e CMA CGM iniciam embarque de algodão pelo porto de Fortaleza
Cade aprova compra de empresa gaúcha de nutrição animal pela Cargill
“Pouco tempo depois da homologação, as barcaças entram em operação”, afirma Régis Prunzel, diretor de Portos para a América Latina da Cargill.
A trading começou a investir em estrutura própria de transporte fluvial no Brasil a partir de 2016. A frota atual possui 44 barcaças com capacidade média de 3 mil toneladas cada, e quatro empurradores: três próprios e um terceirizado.
Chegar à estrutura em operação hoje consumiu investimentos de R$ 400 milhões a R$ 500 milhões, afirma Prunzel. Um empurrador pode custar algo em torno de R$ 100 milhões, a depender do modelo. Uma barcaça, de R$ 5 milhões a R$ 6 milhões.
Chamada de Cargill River Transportation (CRT), a divisão de transporte fluvial tem 126 funcionários, somando tripulações e pessoal em terra. As operações se concentram no norte do Brasil. De Miritituba, pelo Rio Tapajós, e de Porto Velho (RO), pelo Rio Madeira, até Santarém (PA).
A CRT movimenta, por ano, 30% do volume de grãos transportado pela Cargill na região, proporção que pode variar dependendo do ano-safra e das condições de navegabilidade nas hidrovias. Nos outros 70%, as operações são feitas em conjunto com parceiros estratégicos.
Saiba-mais taboola
“É um crescimento bem importante. É uma tecnologia bastante conhecida na América do Norte. Temos uma estrutura semelhante nos Estados Unidos, mas, para a América do Sul, era algo que a gente ainda precisava conhecer”, afirma Prunzel.
Pela hidrovia do Tapajós, entre Miritituba e Santarém, a Cargill tem uma programação média de 12 viagens por mês. Na mesma rota, faz o chamado frete de retorno, com fertilizantes.
Os empurradores são homologados para levar até 15 barcaças. Recentemente, a multinacional testou uma viagem com 36 barcaças, com mais de 110 mil toneladas de milho.
“É a manobra mais eficiente? Não. Mas, se, amanhã, eu precisar rodar um fluxo desses, eu tenho uma manobra autorizada pela Capitania dos Portos”, diz Prunzel.
Pelo rio Madeira, são menos viagens, já que o tempo do percurso pode levar até sete dias.
Rafael Albernaz, gerente da frota fluvial no Brasil, afirma que a Cargill é capaz de movimentar, por ano, cerca de 5 milhões de toneladas de grãos pelo corredor do Norte do Brasil. E que a divisão fluvial busca elevar continuamente a eficiência da operação.
“Transportar, com os mesmos ativos, uma quantidade maior de carga e com consumo menor. Sem comprometer a segurança da navegação”, afirma.
Além das embarcações, a Cargill reforçou a operação em Porto Velho. Inaugurou, neste ano, um terminal privado. E integrou frota própria à rota até Santarém, que percorria apenas em parceria com terceiros.
Em outras regiões do Brasil, também neste ano, venceu o leilão de um terminal no Porto de Paranaguá (PR). O contrato prevê a utilização por 35 anos.
“Nunca deixamos de olhar oportunidades. Se tem fluxo, demanda e oportunidade, concessão ou alguma infraestrutura importante de grãos ao porto, temos um olhar distinto”, diz Prunzel.