O futuro da agricultura será definido por quem souber unir eficiência, sustentabilidade e digitalização. Essa é a avaliação de Timo Zipf, gerente responsável pela Agritechnica, a maior feira de tecnologia agrícola do mundo, que vê o setor em plena transformação — não apenas de máquinas, mas de mentalidade.
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“Os agricultores de hoje buscam produtividade com responsabilidade. Eles querem tecnologias que economizem recursos, reduzam emissões e tornem o trabalho mais inteligente”, afirmou Zipf em entrevista ao Valor. “Estamos entrando em uma era em que inovação e sustentabilidade não são opostas, mas complementares.”
Sob essa lógica, a Agritechnica 2025 — que será realizada de 9 a 15 de novembro, em Hannover, na Alemanha — ganha contornos estratégicos para o Brasil. O país deve registrar crescimento de 20% na participação em relação à edição anterior, tanto em número de expositores quanto de visitantes profissionais. “O Brasil é um dos maiores produtores agrícolas do mundo e tem um papel cada vez mais relevante dentro da feira”, disse Zipf.
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Nesta edição, haverá estandes próprios de nove empresas brasileiras, além de dois pavilhões nacionais organizados por Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças) e Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq), com apoio da ApexBrasil, que vão reunir 22 companhias, entre elas Metisa, Tuzzi e Medal.
A feira é organizada pela Sociedade Agrícola Alemã (DGL, na sigla em inglês), entidade sem fins lucrativos que atua na disseminação de conhecimento técnico e inovação. Neste ano, o acordo Mercosul-União Europeia estará entre os principais temas de debate.
“Queremos discutir como ampliar o acesso a mercados e acelerar a circulação de tecnologias agrícolas entre países”, afirmou o executivo. Segundo ele, o aumento da presença brasileira reflete uma estratégia de internacionalização da DLG, que enviou equipes para visitar fazendas e eventos no Brasil neste e no ano passado.
O tema da edição de 2025, “Touch Smart Efficiency”, sintetiza o conceito de “eficiência inteligente” — o uso de tecnologia digital e automação para ampliar produtividade com menor impacto ambiental. “A inteligência digital não substitui a experiência do produtor, mas a potencializa”, disse Zipf.
Inteligência Artificial
A feira apresentará o Digital Farm Center, um novo espaço interativo dedicado a inteligência artificial, conectividade e agricultura de precisão, com demonstrações de robôs, drones e sensores. “Queremos que o visitante possa experimentar como a tecnologia se traduz em decisões mais inteligentes no campo”, destacou o executivo.
Outro foco será o pavilhão de startups, que reunirá 60 empresas de 14 países e promoverá mais de 100 apresentações para investidores e fabricantes.
A sustentabilidade será tratada não apenas como tendência, mas como condição de competitividade. A DLG estruturou um programa técnico voltado à redução de emissões, ao uso racional de insumos e à agricultura regenerativa.
“As empresas estão apresentando tecnologias que reduzem consumo de combustível e impacto ambiental, sem comprometer produtividade”, adiantou.