
Recuperar 9 mil hectares de pastagens degradadas com adoção da integração lavoura-pecuária (ILP) foi a escolha da Fazenda Reunidas, um conglomerado de propriedades do grupo JCN em Paranatinga (MT) que soma 44 mil hectares de lavouras e 6 mil hectares de pecuária.
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Comprada em 2002, a fazenda que tem 21 mil hectares de área preservada já fazia um trabalho de recuperação de 46 nascentes, segundo o diretor-geral do grupo, Elson Esteves. A decisão de entrar para o programa de recuperação de pastagens Reverte, lançado em 2021 pela Syngenta em parceria com o Itaú BBA, foi tomada há dois anos.
Nos 9 mil hectares degradados, o grupo já plantava soja, mas a produtividade era bem baixa: entre 30 e 40 sacas por hectare. Com o apoio da Syngenta e o financiamento de R$ 120 milhões do Itaú BBA, a colheita passou para quase 70 sacas por hectare, e a Reunidas, que investe pesado em agricultura de precisão, se tornou um dos maiores cases em área e financiamento para recuperação de pastagens do Reverte.
“A gente já plantava água”, brinca Esteves, se referindo às cerca de 30 a 40 mil árvores de mudas nativas plantadas por ano para a recuperação das nascentes. “Decidimos investir também na recuperação da antiga área de pastagem que estava degradada. Começamos com 10 toneladas de calcário e 1,3 mil kg de fertilizantes por hectare. Depois, entramos com a soja, milho e pastagem para o gado.”
Jonas Oliveira, diretor de Sustentabilidade da Syngenta, acompanha de perto a conversão da área. Ele diz que o modelo de ILP aplicado na Reunidas tem sido um dos melhores arranjos produtivos dentro do Reverte. Testes feitos pela Embrapa já mostram um percentual de 60% de solo saudável e 40% em recuperação na área tratada após dois anos.
“A pesquisadora da Embrapa diz que as análises são o exame de sangue da terra e a braquiária é a vacina. No primeiro ano, o solo precisa de um tempo maior para ser recuperado. O plantio da braquiária traz um benefício mútuo para a agricultura e para a pecuária, já que os dejetos do gado melhoram a atividade biológica do solo e a fixação de nitrogênio da soja na sequência ajuda na segunda pastagem que será cultivada na área”, explica Oliveira.
O grupo tem no algodão uma das suas principais culturas, com 14,2 mil hectares, mas, por enquanto, não tem planos de plantar a pluma na área em recuperação. O próximo investimento na Reunidas será em um semiconfinamento, aproveitando o modelo do ILP. O objetivo, diz Esteves, é colocar dez bois por hectare e usar os montes de esterco fresco para substituir em dois anos metade do fertilizante químico usado nas lavouras.
Além de soja, milho, algodão e gado, o JCN planta café, laranja e cana. O grupo, que tem 90 mil hectares cultivados em fazendas de três Estados, foi criado por Josué Corso Neto, que começou sua carreira na agricultura como comerciante de verduras em São João da Boa Vista (SP) e morreu em 2008. O atual CEO é o neto dele, Kriss Corso.






