
Mais de 30 empresários brasileiros do setor de carne bovina estão em missão em Jacarta, capital da Indonésia, para tentar ampliar as relações comerciais com o país do sudeste asiático.
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Uma lista de 40 frigoríficos aguarda habilitação do país para iniciar as exportações. Se aprovada integralmente, vai mais que dobrar o número de plantas autorizadas a vender a proteína. Atualmente, são 38 unidades. As exportações brasileiras para lá atendem às normas de certificação halal, em conformidade com a lei islâmica para atender exigência para o consumo muçulmano.
Após um salto no número de frigoríficos habilitados, que passou de 11 plantas em 2019, quando o mercado foi aberto, para 38 unidades agora, as exportações brasileiras acompanharam o ritmo e já ultrapassaram, nos nove primeiros meses de 2025, o volume somado nos dois últimos anos.
De janeiro e setembro, as vendas chegaram a 16,7 mil toneladas, contra 11,4 mil em 2024 e 2,7 mil em 2023. Os negócios renderam mais de US$ 76 milhões. Mas o Brasil quer mais.
Recentemente, a Indonésia abriu seu mercado para a carne bovina com osso, miúdos bovinos, produtos cárneos e preparados de carne, o que amplia as possibilidades de venda. Setor e governo querem que uma nova missão técnica para auditoria e validação das plantas seja enviada ainda em 2025.
O Brasil já é o terceiro maior fornecedor de carne bovina da Indonésia (atrás de Austrália e Índia e já à frente dos Estados Unidos). Com aumento dos embarques, a Indonésia entrou na lista dos 20 principais destinos da proteína brasileira. Um diferencial do país asiático é o preço médio pago pelo produto, de US$ 4.941 por tonelada, superior ao da concorrência.
O presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec), Roberto Perosa, disse que a demanda exportadora brasileira é grande. Em reunião com o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, e representantes de frigoríficos em Jacarta nesta quinta-feira (23/10), ele lembrou que várias empresas aguardam habilitação, algumas pendentes apenas de análise documental do governo indonésio.
O setor frigorífico brasileiro vê a Indonésia como um parceiro estratégico para o aumento das exportações, já que é a maior nação muçulmana do mundo, com 270 milhões de habitantes, apresenta crescimento populacional e de renda e aumento do consumo de proteína. O país é visto como mercado de alto potencial para carnes premium e industrializadas e pode ajudar na missão de diversificar as exportações brasileiras para o sudeste asiático.
Um dos pontos pendentes é a tarifa de 30% sobre os produtos industrializados, tripas e derivados bovinos, produtos que o setor quer intensificar as vendas. Para carne sem osso resfriada e congelada, carne com osso e miúdos a taxa é de 5%.
O foco é consolidar a carne brasileira como uma opção segura, certificada e competitiva. O momento é oportuno por conta da redução do rebanho australiano e da dependência da Índia em produtos de menor valor agregado, dois principais fornecedores da Indonésia.
Os 38 frigoríficos habilitados atualmente para a Indonésia são de 14 empresas: JBS, Minerva, Marfrig, Barra Mansa, Astra, Frigon, Frigol, Supremo, Mercurio, Frialto, Natura Frig, Beauvallet, Estrela e Distriboi.
Lula na Indonésia
Em agenda oficial com o presidente indonésio Prabowo Subianto, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva destacou as possibilidades de aumentar a relação comercial entre os países. Brasil e Indonésia assinaram uma série de memorandos de entendimento, entre eles um acordo de cooperação em medidas sanitárias e fitossanitárias e de certificação na área de agricultura.
Durante o Fórum Empresarial Brasil-Indonésia, Lula ressaltou ainda o potencial de parceria entre os dois países na área de biocombustíveis.
“O Brasil não quer apenas vender para a Indonésia. Apostamos em uma parceria equilibrada e mutuamente benéfica. Como dois dos maiores produtores de bioenergia do mundo, podemos criar juntos um mercado global de biocombustíveis”, disse, em discurso.