Uma pesquisa da Embrapa Pesca e Aquicultura, em Palmas (TO), concluiu que o tratamento com cápsulas de alho vendidas na farmácia é eficaz contra parasitas que atacam alevinos de pirarucu, sem causar toxidade no peixe. O pirarucu, peixe símbolo da Amazônia, é um dos mais cultivados na região Norte e tem alto valor comercial.
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Segundo o estudo, publicado na revista científica Veterinary Parasitology, o tratamento com alho pode reduzir perdas na produção, melhorar o bem-estar animal e diminuir a dependência de produtos químicos.
As cápsulas de alho (Allium sativum) foram capazes de reduzir significativamente a presença de dois inimigos comuns dos alevinos: os protozoários tricodinídeos e o verme das brânquias Dawestrema cycloancistrium. Esses parasitas podem causar mortalidade em larga escala nos criadouros de pirarucu.
A pesquisadora Patrícia Oliveira Maciel Honda, que coordenou a pesquisa, disse que a intensidade do verme nas brânquias foi significativamente reduzida nos peixes tratados em comparação ao grupo controle (animais que não receberam tratamento), mas não foram observadas diferenças entre as concentrações testadas, indicando que as menores doses são eficazes.
Segundo ela, o tratamento com alho pode também ser utilizado de forma complementar ao sal de cozinha, já utilizado nas criações de alevinos.
“Não foram observadas mortalidade ou alterações comportamentais dos alevinos de pirarucu durante o experimento”, afirmou a pesquisadora em nota.
A pesquisadora Patrícia Oliveira Maciel Honda coordenou a pesquisa com pirarucus
Siglia Souza/Embrapa
Patrícia destacou que a reprodução do pirarucu não é induzida; ou seja, os alevinos são coletados em viveiros após a reprodução natural do casal, o que acaba favorecendo com que os peixinhos carreguem parasitas. O momento ideal para a aplicação do tratamento com o alho é durante o treinamento alimentar dos peixes, quando os produtores colocam os alevinos em caixas d’água ou estruturas similares para ensiná-los a comer ração.
Nesse momento, diz ela, é importante observar se os peixes apresentam alguma sintomatologia, algum sinal clínico de doença, tais como inapetência, flashing (ficar se raspando nas laterais do tanque, como estivesse se coçando), apatia, ficar isolado do grupo ou se tem escurecimento da pele. Nesses casos, o ideal é descartar os alevinos doentes e tratar o restante do lote porque, quando o animal apresenta esses sinais clínicos, dificilmente tem cura.
Segundo a médica veterinária, outro momento adequado para realizar o tratamento com alho é quando os alevinos são recolhidos dos viveiros e vão ser transportados. Geralmente os peixes vêm do viveiro com alguma carga parasitária porque o manejo estressa o peixe, diminuindo seu sistema imunológico.
O uso de fitoterápicos na aquicultura tem sido amplamente estudado como alternativa para o controle de ectoparasitas em peixes.
Um estudo recente da Embrapa Amapá revelou que óleos essenciais extraídos de plantas amazônicas se mostraram eficazes no controle de parasitas que atacam as brânquias do tambaqui, espécie nativa mais cultivada no país.
A pesquisa com alho foi feita em parceria com a Universidade Federal do Tocantins (UFT) e a Universidade Estadual do Mato Grosso do Sul (UEMS). O projeto teve financiamento do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae).