
O retorno das chuvas nas últimas semanas contribuiu para elevar gradualmente a umidade do solo em algumas regiões agrícolas, sobretudo na região Sul, onde o Paraná registrou os volumes mais expressivos.
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Apesar disso, áreas do Centro-Oeste e Sudeste ainda enfrentam níveis abaixo da média, exigindo cautela dos produtores no avanço do plantio da soja. O alerta é feito pela EarthDaily, que atua no monitoramento agrícola por sensoriamento remoto utilizando dados de satélite.
Segundo a empresa, nos últimos dez dias, as maiores precipitações foram registradas na região Sul, com acumulados superiores a 50 milímetros em diversas localidades. A precipitação também foi registrada em pontos isolados do Sudeste e do Mato Grosso, onde a chuva ficou acima da média para o período.
Em contrapartida, a seca persiste em áreas estratégicas, como o centro do Mato Grosso do Sul, a região central de Minas Gerais e partes de Goiás, mantendo o ritmo de plantio mais lento que o habitual.
“A comparação entre as médias dos últimos 30 e 10 dias revela que a umidade do solo permanece em níveis baixos há mais de um mês, com nova redução recente, especialmente em São Paulo, Mato Grosso do Sul, sul de Minas Gerais e Bahia. Embora o ciclo das lavouras de verão esteja em fase inicial, o quadro requer atenção e monitoramento contínuo”, disse, em nota, Felippe Reis, analista de cultura da EarthDaily.
O Paraná apresenta o cenário de clima mais positivo. Após enfrentar forte estresse hídrico em setembro, a região norte do Estado registrou melhora expressiva na umidade do solo nos últimos dias, reduzindo significativamente os impactos da seca.
A tendência, no entanto, é de nova queda a partir de 20 de outubro, embora os índices se mantenham superiores aos observados no mês passado. No restante do Estado, a umidade está acima da média histórica, favorecendo o bom início das lavouras de verão.
Em Mato Grosso, a EarthDaily destaca que as chuvas dos últimos dias devem trazer pouca alteração nas condições hídricas no curto prazo. Entretanto, a previsão indica o retorno da seca dentro de uma semana, limitando a recuperação da umidade do solo, que se manterá abaixo da média.
Em Goiás, o modelo europeu de clima prevê elevação discreta da umidade nas próximas semanas, ainda em patamares inferiores à média histórica, podendo atingir o menor nível dos últimos 20 anos no fim de outubro.
Já em Mato Grosso do Sul, as projeções feitas pela empresa apontam precipitação acumulada de 50 a 75 milímetros entre setembro e outubro, abaixo da média histórica de 188 milímetros para o período.
“Mesmo que os níveis sejam baixos, o desempenho de 2020 (safra 20/21), com produtividade satisfatória, serve de parâmetro para reduzir as preocupações imediatas dos produtores”, pontuou a EarthDaily.
Por fim, a empresa ressalta que os modelos de clima indicam chuvas abaixo da média na maior parte do país para os próximos dez dias, com exceção de pontos do Sul, Mato Grosso e Matopiba (confluência entre Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia) onde os acumulados tendem a ser mais expressivos.
As temperaturas devem permanecer próximas ou ligeiramente abaixo da média, o que pode reduzir a evapotranspiração e auxiliar na recomposição gradual da umidade nas regiões produtoras.