O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta sexta-feira (17/10) que seu governo está trabalhando para reduzir o preço da carne bovina no país, conforme reportagem publicada pela agência de notícias Reuters.
Leia também
Política de imigração de Trump pode aumentar preços dos alimentos nos EUA
Em conversa com Lula, Trump citou impacto do tarifaço sobre o café nos EUA
Trump cancela programa de US$ 3 bilhões de apoio à agricultura regenerativa
“Estamos trabalhando na questão da carne bovina, e acho que já temos um acordo sobre isso”, disse Trump a jornalistas na Casa Branca. “O preço da carne está mais alto do que gostaríamos, e isso vai cair em breve também. Fizemos algo”, completou, sem dar mais detalhes.
Os preços da carne bovina subiram para níveis recorde depois que pecuaristas reduziram seus rebanhos, devido a uma estiagem prolongada no oeste dos EUA. As pastagens secaram, e os custos com alimentação subiram. O país também vive um ciclo de baixa oferta de gado, após amplos abates de fêmeas.
No início do ano, o rebanho havia encolhido para 86,7 milhões de cabeças de gado — o menor número para o período desde 1951, segundo dados do governo americano.
Segundo a Reuters, o Instituto da Carne, que representa as empresas de processamento do setor que atuam no mercado americano, disse que precisa entender melhor os planos de Trump para reduzir os preços. A agência lembrou que o governo do ex-presidente Joe Biden havia culpado as processadoras pelo aumento dos alimentos.
Na semana passada, as processadoras Tyson Foods (TSN.N) e Cargill concordaram em pagar juntas US$ 87,5 milhões para encerrar uma ação federal movida por consumidores que acusavam as empresas de conspirar para inflar os preços da carne bovina restringindo a oferta. De acordo com a Reuters, as companhias negaram qualquer irregularidade.
Os frigoríficos têm registrado prejuízos nas operações de carne bovina nos EUA, já que a escassez de gado as obriga a pagar mais caro pelos animais destinados ao abate.
EUA suspenderam importações de gado mexicano
Segundo a Reuters, o fornecimento de gado ficou ainda mais restrito neste ano, depois que o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês) suspendeu as importações de gado do México para conter a entrada de uma praga do país vizinho. Antes disso, o gado mexicano era importado para engorda em fazendas americanas e abate em frigoríficos dos Estados Unidos.
As tarifas impostas por Trump sobre produtos brasileiros também desaceleraram as importações americanas de carne bovina do Brasil, misturada à dos EUA para a produção de hambúrgueres. Desde 6 de agosto, entrou em vigor uma sobretaxa de 50% contra o Brasil que elevou a tarifa para embarque de carne bovina brasileira a 76,4%, inviabilizando negócios em grandes volumes com os americanos.
Saiba-mais taboola
Recentemente, alguns pecuaristas americanos começaram a dar os primeiros passos para reconstruir seus rebanhos. No entanto, segundo a Reuters, os produtores ressaltaram que leva cerca de dois anos para que a produção de carne bovina aumente após o início da expansão, pois esse é o tempo necessário para criar o gado até a fase adulta.
No mês passado, a secretária de Agricultura dos EUA, Brooke Rollins, disse que o USDA detalharia, em meados de outubro, um plano para revitalizar o rebanho dizimado — sem incluir pagamentos diretos aos produtores.