Depois de investir cerca de R$ 1,5 bilhão em sua operação nos últimos cinco anos, a São Salvador Alimentos, dona da marca Super Frango, dá início agora a um novo projeto de expansão que deve receber mais de R$ 900 milhões até 2028. A meta é construir uma nova linha de produção e uma infraestrutura que dê suporte a ela. O plano de crescimento da empresa é apoiado em perspectivas promissoras para o mercado de frango no Brasil e no mundo.
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Atualmente, a companhia abate 500 mil aves por dia e, para o ano que vem, a expectativa é fazer com que esse ritmo chegue a 560 mil. Com a nova linha de produção, que ficará pronta na unidade de Nova Veneza (GO) em três anos, a ideia é passar a abater 720 mil aves por dia.
“Começamos uma nova onda de investimentos com a empresa. Estamos em um ritmo de crescimento constante e endividamento muito baixo, que permite expandir”, disse ao Valor o CEO da companhia, Hugo Souza.
Parte dos recursos que serão aportados virá da emissão de um Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA) realizada neste mês, em que a São Salvador levantou R$ 500 milhões. Também serão utilizados recursos próprios e financiamento bancário. Essa foi a quarta operação de CRA do frigorífico, liderada pelos bancos Itaú e UBS BB em quatro séries, com remuneração entre 103,5% e 106% de CDI.
Do montante obtido com o CRA, uma parcela vai para os planos de aumento na capacidade de produção da empresa e outra será utilizada como capital de giro, principalmente na compra de grãos usados na ração animal.
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“A operação [foi realizada] visando o alongamento do prazo médio da dívida da companhia e seu preparo para cenários futuros, que podem envolver oportunidades de M&A (fusões e aquisições), estratégias de estocagem de milho e novos investimentos voltados à expansão do abate e ao consequente aumento na geração de caixa”, explicou Leopoldo Saboya, diretor financeiro da São Salvador.
O CEO da empresa acrescentou que. para aumentar a capacidade de produção de um frigorífico, é preciso investir em tudo que existe por trás do abate, o que justifica o uso intensivo de capital. “O frango tem uma cadeia longa, precisamos investir em incubatório, armazenagem de grãos, fábrica de ração e na integração de todos esses processos”, afirma Souza.
Em outra frente, a São Salvador também está apostando em adoção de tecnologia para melhorar os ganhos de produtividade e governança. A SPRO IT Solutions, especializada em soluções tecnológicas para o agronegócio e parceira da alemã SAP, implementou uma plataforma que une e automatiza toda a produção avícola do frigorífico.
Atualmente, passam pela solução tecnológica da SAP a gestão de processos que vão do campo à entrega de produtos ao consumidor, incluindo a administração de mais de 27 milhões de aves e 971 aviários. “Temos a intenção de abrir capital e por isso já trabalhamos com as práticas de uma empresa de capital aberto”, afirmou Kelson Alencar, diretor de tecnologia da informação da São Salvador Alimentos.
Com essas melhorias internas e um cenário favorável tanto para as exportações como para o consumo de frango no mercado interno, a companhia espera fechar 2025 com aumento de cerca de 10% no lucro líquido e de 18% em seu lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda).
No ano passado, a empresa lucrou R$ 427,56 milhões e seu Ebitda ajustado foi de R$ 803,36 milhões, conforme balanço.
“Enxergamos o mercado de proteínas como muito promissor. O frango é a segunda carne mais consumida no mundo, atrás apenas da carne suína, e o que aconteceu com o avanço da gripe aviária no mundo alavancou muito as vendas do Brasil”, observou Hugo Souza. Na avaliação do executivo, a ocorrência de um caso da doença em uma granja comercial no Brasil, que já se encerrou, teve impacto limitado se comparado com episódios de grandes surtos que ocorreram em outros países.