
Empresas que oferecem serviços financeiros para produtores rurais estão em uma corrida por diversas soluções tecnológicas, seja de uso de imagens de satélite, de inteligência artificial ou outras tecnologias, para melhorar o acesso ao crédito rural no país.
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A Broto, plataforma digital de agronegócios do Banco do Brasil, é um desses exemplos. A empresa lançou em parceria com as startups Justoken e Idegeo um modelo de negócio que utiliza o monitoramento por satélites e a inteligência artificial para criar linhas de crédito aos produtores. Com as tecnologias, a plataforma mapeia e analisa áreas agrícolas, estima produtividades e calcula riscos.
Voltado à soja e ao milho, o modelo cruza informações de clima e solo com as imagens captadas para entender em tempo real o que está acontecendo nas áreas mapeadas. Segundo Marco Aurélio dos Santos, superintendente executivo de operações e tecnologia da Broto, o objetivo foi criar uma solução “para os agentes de crédito, seguradoras e bancos terem mais segurança na hora de oferecer crédito”.
A plataforma já testou a tecnologia em 15 mil hectares nas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste no último ano. O modelo atingiu uma taxa de acurácia de 92% nas estimativas de produtividade.
Os resultados agradaram, e agora a Broto quer escalar a solução, que deve estrear oficialmente em novembro. Em dois anos, a meta é alcançar 7,5 mil produtores rurais por safra e monitorar 1 milhão de hectares de áreas agrícolas, diz o executivo da Broto.
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Uma nova joint venture entre a consultoria Datagro e a SpotSat, startup de monitoramento agrícola, vai oferecer serviços parecidos. A parceria pretende realizar mapeamento por satélites para alguns fins, entre eles, o fornecimento de dados para as empresas que emprestam crédito rural. “O Brasil tem cerca de 6 milhões de produtores rurais, mas só 1 milhão com acesso a crédito”, ressalta José Renato da Costa, CEO da SpotSat.
A SpotSat utiliza imagens captadas pela NASA e pela Agência Espacial Europeia, e uma tecnologia própria utiliza-as para analisar desde um talhão ou uma fazenda até milhares de hectares.
Com as imagens de satélite, é possível identificar o tipo de árvore na floresta, calcular produtividade e riscos, e até mesmo o potencial de geração de créditos de carbono. “Eu consigo confirmar se aquela planta é trigo ou aveia, se é sorgo ou milho — culturas parecidas que somos capazes de distinguir”, explica o CEO.
Já outras empresas de crédito estão priorizando soluções com IA para destravar o crédito rural. Neste mês, a Agree, fintech especializada em crédito para o agro, estreou o “Agree Hub”, uma plataforma para acelerar a tomada de crédito, padronizando cadastros e reduzindo o tempo médio de análise de 10 dias para dois dias.
Em testes há um ano, a ferramenta foi desenvolvida pela própria equipe de tecnologia da Agree. A novidade foi criada para facilitar a rotina de intermediadores, como bancos, revendas, cooperativas e credores, diz Rayssa Melo, cofundadora da Agree.
Na fase piloto, a startup documentou um aumento de até 400% na produtividade e uma redução de até 80% no tempo de análise — que segundo Melo, é o grande gargalo do setor. “Temos um aumento na eficiência que nem dentro de bancos têm”, diz.
Segundo ela, para levantar todas as informações de um cliente de médio ou grande porte, um profissional leva cerca de cinco dias. “Agora, fazemos o mesmo processo em algumas horas”, afirma Melo.