
O Ministério Público do Paraná (MPPR) denunciou o empresário Celso Fruet, de 72 anos, suspeito de aplicar golpes em pelo menos 120 produtores rurais no município de Campo Bonito, no oeste do Paraná. Fruet era dono de uma cerealista e, segundo o MPPR, teria obtido enriquecimento ilícito de R$ 20,3 milhões.
Leia também
Sudeste e Centro-Oeste têm condição para chuvas fortes nesta terça
BNDES desembolsa R$ 1,6 bilhão em crédito a empresas afetadas por tarifaço
A denúncia foi impetrada pela unidade do Ministério Público em Guaraniaçu, na última sexta-feira. De acordo com o órgão, mesmo após vender a empresa para uma cooperativa da região, ele continuou negociando grãos com diversos agricultores, “adquirindo e recebendo mercadorias sem realizar os respectivos pagamentos”. Fruet possui um mandado de prisão em aberto e é considerado foragido pela polícia.
De acordo com as apurações do MP, o denunciado, que possuía o negócio há cerca de 30 anos na região, atuava no ramo armazenando nos silos de sua propriedade sacas de soja e trigo de agricultores.
Ele comercializava os produtos e, em seguida, fazia o pagamento aos produtores. Entretanto, lembra o Ministério Público, no dia 6 de junho deste ano ele assinou contrato de venda de sua empresa para a cooperativa sem que a transação fosse comunicada aos produtores dos grãos.
Ao descobrirem o golpe, no dia 21 de julho, as vítimas se dirigiram à sede da cerealista e encontraram a empresa fechada. Nesse momento, descobriram que as atividades haviam sido encerradas e que o local tinha sido vendido.
Na denúncia, a Promotoria de Justiça pondera que Fruet se aproveitou da relação de confiança que possuía com diversos produtores rurais e agricultores para aplicar os golpes. As investigações, segundo o MP, apontaram ainda que ele teria praticado crimes semelhantes, já prescritos, nos municípios paranaenses de Capanema e Catanduvas.
Ele foi denunciado por 124 ocorrências do crime de estelionato (Art. 171 do Código Penal), sendo que em 38 casos as vítimas eram idosos, conforme destaca a promotora de Justiça Ana Carolina Lacerda Schneider. Além da condenação às penas previstas em lei, o Ministério Público também requer o pagamento de valor mínimo a título de reparação aos danos causados às vítimas.
Defesa
Em nota à imprensa, o advogado do acusado, Higor Fagundes, destaca que “não há qualquer prática criminosa nos fatos descritos na denúncia”. De acordo com a nota, trata-se de uma catástrofe financeira vivida por Fruet e pela empresa, iniciada a partir de 2020, com a pandemia, “quando foi necessário recorrer a sucessivos financiamentos para manter a atividade”.
Fagundes explica ainda, que a crise se agravou nos anos seguintes, culminando com o afastamento do então proprietário da empresa, em 2024, quando ele enfrentou grave enfermidade oncológica. Segundo o advogado, ao contrário do que sugere a denúncia, nenhum valor foi destinado a proveito próprio e o montante negociado com a venda da cerealista – R$ 40 milhões – foi integralmente direcionado ao pagamento de dívidas.
A defesa do acusado informa que o patrimônio de Fruet permanece em nome dele e que ele “mantém o firme propósito de cumprir todas as obrigações tão logo possa fazê-lo sem restrição à liberdade e com segurança jurídica”.