Antes de se tornarem aromas e sabores familiares, como o do café, do cacau e da baunilha, há flores discretas, complexas e, em muitos casos, essenciais para os ecossistemas do que chega na mesa. as especies guardma uma etapa fundamental na formação dos compostos que determinam o gosto, o aroma e até o valor econômico de produtos apreciados no mundo inteiro.
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Café
Flor de café
Mapa/Divulgação
No caso do café, as flores brancas do cafeeiro (Coffea arabica) são responsáveis pela formação dos frutos que darão origem aos grãos. Cada flor fecundada se transforma em um fruto, e a eficiência desse processo define o número e a qualidade dos grãos produzidos.
Segundo a Embrapa Café, a flor é o ponto de partida da produtividade e da composição química do café, influenciando açúcares, ácidos e compostos aromáticos desenvolvidos ao longo do amadurecimento. A instituição destaca ainda que a polinização, especialmente por abelhas nativas, aumenta o número de frutos bem formados e pode elevar em até 30% a produtividade das lavouras.
Cacau
Já o cacau (Theobroma cacao) depende de pequenas flores rosadas que crescem diretamente no tronco da planta, em um fenômeno chamado caulifloria. Cada flor tem a função de originar um fruto; apenas as flores que são polinizadas corretamente se desenvolvem em vagens com sementes, que depois serão processadas para produzir o chocolate.
Baunilha
Baunilha nativa
Creative Commoms
A baunilha (Vanilla planifolia) talvez seja o exemplo mais emblemático da ligação entre flor e sabor. Trata-se de uma orquídea cujas flores precisam ser polinizadas manualmente em quase todas as regiões produtoras do mundo. Cada flor se abre por apenas um dia e, caso não seja fecundada nesse intervalo, o fruto — a vagem da baunilha — não se forma. É nesse fruto que se desenvolve a vanilina, o composto responsável pelo aroma característico da especiaria.
Maracujá
Flor de maracujá (Foto: Pixabay)
Globo Rural
No maracujá (Passiflora edulis), as flores são essenciais para a formação dos frutos. Elas determinam a quantidade de frutos produzidos e influenciam em características como tamanho, uniformidade e composição química da polpa, incluindo o equilíbrio entre açúcares e acidez.
Hibisco
hibisco
Canva/Creative Commons
O hibisco (Hibiscus sabdariffa) é cultivado tanto pelo valor ornamental quanto pelas propriedades alimentícias e medicinais. As flores e cálices são usados para chás e geleias de coloração intensa, resultado da presença de antocianinas — pigmentos naturais também ligados ao sabor e à acidez.
Estudos conduzidos pela Embrapa Hortaliças indicam que a concentração desses compostos varia conforme as condições climáticas e o momento da colheita, interferindo na intensidade do sabor e na estabilidade da cor.