
A tensão comercial entre EUA e China ganhou novos capítulos e reforçou o quadro de demanda fraca pela soja americana. Com isso, os contratos do grão com entrega para novembro fecharam em queda de 1,52% na bolsa de Chicago, cotados a US$ 10,0675 por bushel nesta sexta-feira (10/10).
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Se no início da semana havia otimismo de uma aproximação entre os presidentes de EUA e China, o sentimento é totalmente oposto nesta sexta. Segundo informações da agência Bloomberg, os chineses anunciaram novas taxas para embarcações de bandeira americana que ingressarem no país asiático.
A China, por sua vez, reforçou que vai dificultar as exportações de terras raras, alvo do setor de tecnologia nos EUA. Esse cenário de tensão pode desmanchar o encontro entre o presidente americano Donald Trump, e seu homólogo, Xi Jinping, durante a Cooperação Econômica Ásia-Pacífico (Apec). O evento está programado para o fim deste mês, e Trump já havia afirmado que pretendia discutir o comércio de soja com o gigante asiático.
“O acirramento dos ânimos nas negociações comerciais entre EUA e China afeta especialmente a soja, já que este produto é central nas discussões para um eventual acordo”, diz Daniele Siqueira, analista da Agrural.
Em um momento propício para novas quedas da soja no mercado externo, Siqueira acredita que poucos fatores podem fazer o grão reagir na bolsa.
“Para as cotações realmente engatarem um movimento de alta, seria necessário sair um acordo comercial entre EUA e China, ou acontecerem problemas climáticos com a safra na América do Sul que pudessem servir de contrapeso à sazonalidade negativa que marca esta época do ano devido à colheita americana”, avalia.
Milho
Na esteira da queda da soja, o milho se desvalorizou na bolsa de Chicago. Os lotes com entrega para dezembro fecharam em baixa de 1,26%, para US$ 4,13 por bushel.
Segundo Daniele Siqueira, da Agrural, o milho é impactado pelas tensões entre EUA e China, já que as dificuldades de negociações piora o humor dos mercados de um modo geral.
Trigo
O mau humor dos mercados de soja e milho também contaminou o trigo. Os contratos do cereal para dezembro tiveram baixa de 1,58%, cotados a US$ 4,9850 por bushel.
Além da influência dos demais grãos, o trigo registrou baixa depois de novas estimativas para a safra da Rússia, principal exportador do mundo. A consultoria SovEcon elevou de 87,2 milhões para 87,8 milhões de toneladas sua previsão para a safra do cereal no país em 2025.