A safra 2025/26 de trigo na Argentina pode atingir um volume de 23 milhões de toneladas, de acordo com a primeira estimativa divulgada pela Bolsa de Comércio de Rosário (BCR). O número iguala o recorde histórico registrado na temporada 2021/22, impulsionado por condições climáticas favoráveis e pela boa umidade do solo.
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Na última estimativa do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA), divulgada em setembro, a projeção para a produção argentina era de 19,5 milhões de toneladas.

Segundo a Guia Estratégica para o Agro (GEA/BCR), o desempenho das lavouras surpreendeu até os técnicos mais experientes, com relatos de profissionais com mais de três décadas de atuação no campo afirmando nunca terem visto os trigais em condições semelhantes. A análise é baseada em 16 anos de monitoramento da entidade.

A área cultivada alcançou 6,9 milhões de hectares, beneficiada pelas chuvas de outono que garantiram boas reservas de umidade no solo. O cenário foi reforçado por volumes excepcionais de precipitação em julho e, principalmente, em agosto. Na localidade de Gancedo, província de Chaco, por exemplo, as chuvas de agosto superaram os registros dos últimos 115 anos, permitindo a recuperação de áreas que estavam ameaçadas pela seca.

Em várias regiões do país, os técnicos observam rendimentos expressivos, segundo o boletim. No Chaco, os dados apontam para produtividade entre 2 e 2,3 toneladas por hectare, quase o dobro do que é comum na província. Em Entre Ríos, o Sistema de Informação de Bolsa de Cereais informou que a proporção de lavouras em condição “muito boa” é o dobro da registrada no ano anterior, quando o rendimento médio foi de 3,6 toneladas por hectare.

Na região núcleo, os rendimentos baseiam-se em 4 toneladas por hectare, com potencial para contribuir com cerca de um terço da produção nacional. Também há perspectivas positivas em La Pampa, Córdoba e na maior parte de Santiago del Estero. Em Buenos Aires, a expectativa é de uma boa colheita, apesar dos impactos do excesso de chuvas em algumas áreas.

Apesar das projeções otimistas, técnicos alertam para riscos climáticos que ainda podem afetar a safra, como geadas tardias ou as chamadas “sopletes”, que são rajadas de ar quente que podem comprometer o enchimento dos grãos.

Para alcançar as 23 milhões de toneladas previstas, será necessário um rendimento médio nacional de 3,54 toneladas por hectare. Ainda assim, a estimativa leva em conta a perda de aproximadamente 403 mil hectares devido ao excesso de chuvas em algumas regiões.