A Polícia Federal (PF) deflagrou, nesta quarta-feira (8), a Operação Woodtrack, por meio da qual investiga crimes ambientais em diversas unidades de conservação no estado do Ceará, incluindo desmatamentos ilegais. As ações são realizadas nos municípios de Crato, Barbalha, Brejo Santo e Araripe.
Durante a operação, foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em locais com indícios de desmatamento ilegal, além de serrarias e madeireiras com histórico de autuações ambientais. Também foram realizadas fiscalizações em áreas suspeitas de invasão de terras da União para fins de ocupação.
Com isso, foram feitas autuações, apreensão de material florestal e embargo de atividades das pessoas investigadas. Os criminosos estariam atuando na Área de Proteção Ambiental da Chapada do Araripe e também em outras unidades federais de conservação no Ceará.
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A ação foi realizada em conjunto com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e a Secretaria do Patrimônio da União (SPU), com foco na repressão a crimes e infrações ambientais.
A operação recebeu o nome Woodtrack em referência ao rastreamento da origem do material florestal obtido sem licença ou documentação ambiental válida.
Os investigados, em tese, poderão responder pelos crimes de desmatamento ilegal, dano à unidade de conservação, depósito de material florestal sem licença, funcionamento de estabelecimento potencialmente poluidor sem autorização, receptação de madeira de origem ilegal, invasão de terras da União, entre outras infrações penais.
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2024
Na contramão do cenário nacional, que registrou uma queda de 32,4% na área desmatada em 2024, o Ceará vive um avanço alarmante no desmatamento. Segundo dados do Mapbiomas Alertas, divulgados em maio de 2025, o estado teve um aumento de 23,5% no desmatamento em relação a 2023, somando 40.108 hectares (ha) de vegetação nativa destruídos no ano passado.
O salto fez o Ceará subir da 12ª para a 9ª posição entre os estados que mais desmatam no Brasil, colocando-o no centro do debate ambiental. O avanço não se distribui de forma homogênea. Cinco municípios cearenses se destacam negativamente pelos maiores índices de desmatamento em 2024:
Acopiara – 2.160,46 ha
Mombaça – 1.844,22 ha
Jucás – 1.422,69 ha
Araripe – 1.252,46 ha
Mauriti – 1.085,59 ha
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A média diária de devastação no território cearense foi de 119,5 hectares, o equivalente a mais de 100 campos de futebol desmatados por dia. O levantamento do Mapbiomas também revela que o Ceará foi o 4º estado brasileiro com maior número de alertas de desmatamento em 2024, após um aumento expressivo de 66,6% no volume de alertas em relação a 2023.
O estado agora figura entre os cinco maiores emissores de alertas no país, ao lado de Pará, Acre, Bahia e Amazonas. Juntos, esses estados concentraram mais de 60% dos alertas de desmatamento detectados no Brasil, responsáveis por 36% da área desmatada no ano.
Caatinga
Pela primeira vez desde 2019, o bioma Caatinga, que cobre integralmente o Ceará, registrou o maior evento de desmatamento individual do Brasil: uma única ocorrência de 13.628 hectares desflorestados, representando um crescimento de 188,1% em relação ao maior evento registrado no bioma em 2023, que foi de 4.730 hectares.
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