Luizianne Lins fala pela primeira vez após deixar Israel e relata “sequestro” e violações durante detenção

A deputada federal e ex-prefeita de Fortaleza Luizianne Lins (PT-CE) se pronunciou pela primeira vez após ser libertada pelas autoridades israelenses. Em vídeo gravado na Jordânia, a parlamentar relatou os dias de detenção e as violações sofridas depois que a Flotilha Global Sumud, que levava ajuda humanitária à Faixa de Gaza, foi interceptada em águas internacionais por Israel. “Nós ficamos sem comunicação após a interceptação na quarta-feira à noite e passamos seis dias no presídio de segurança máxima. Foram muitas violações, foi muita truculência, uma situação muito, muito difícil”, contou.

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) confirmou na manhã desta terça-feira (7) que os 13 brasileiros que integravam a flotilha foram libertados e conduzidos até a fronteira com a Jordânia. A liberação ocorreu exatamente dois anos após o início da escalada de violência na guerra em Gaza. “Diplomatas das embaixadas em Tel Aviv e em Amã receberam os ativistas que estão sendo transportados para a capital jordaniana em veículo providenciado pela embaixada brasileira naquele país”, informou o Itamaraty em nota oficial.

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Luizianne descreveu a interceptação como um “sequestro” promovido pelo exército israelense. “Nós não estávamos em armas israelenses, estávamos chegando a Gaza, e após isso o exército israelense tomou o controle dos barcos e nos levou para o porto de Ashdod. De lá, fomos considerados presos. Segundo o próprio ministro da Segurança Nacional e o próprio Netanyahu, íamos ser tratados como terroristas — e assim fizeram”, relatou.

A deputada afirmou ainda que todas as bagagens e pertences do grupo foram confiscados. “Cheguei sem nenhuma mala, sem nenhuma bolsa, porque eles levaram tudo”, disse. Ela destacou, contudo, que o sofrimento vivido pelos ativistas não se compara à situação enfrentada pelo povo palestino. “Com toda dificuldade que a gente teve que lidar esses dias, não tem nada comparado com mais de 10 mil palestinos presos, dentre eles 400 crianças. A situação que Gaza vive hoje, com o terrorismo de Estado praticado por Israel, a gente sentiu na pele”, declarou.

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A Flotilha Global Sumud transportava alimentos, fórmulas infantis e medicamentos para a população de Gaza, e foi interceptada antes de chegar ao destino. Segundo o Movimento Global à Gaza, os ativistas foram levados para a prisão de Ketziot, no deserto de Negev, uma instalação de segurança máxima localizada entre Gaza e o Egito. A comunicação com o grupo só foi restabelecida após a chegada à Jordânia.

Luizianne agradeceu o acolhimento recebido pela Embaixada do Brasil na Jordânia, em especial ao embaixador Márcio Fagundes do Nascimento e à equipe consular. “Fomos recebidos muito bem pelo embaixador e toda a sua equipe. Foi muito importante o acolhimento que recebemos da embaixada, estávamos todos muito cansados, mas com a certeza de que a missão que nos foi dada, até o último momento, nós insistimos em cumprir: levar ajuda humanitária ao povo palestino”, afirmou.

A deputada também aproveitou para agradecer a solidariedade que recebeu do Brasil e de outros países durante o período de detenção. “Quero agradecer o apoio de todo mundo, a torcida, as pessoas que mandaram força durante essa missão. Isso foi fundamental para a gente seguir firme”, disse.

Luizianne retorna ao Brasil nesta quinta-feira (9), desembarcando no aeroporto de Guarulhos (SP). Antes de encerrar o vídeo, ela fez um apelo à comunidade internacional: “Nós temos que continuar denunciando o genocídio em Gaza, porque o povo palestino merece viver com dignidade. O Estado Palestino deve ser criado, e as vidas palestinas importam.”

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