
Construir florestas como se constrói prédios. É assim que Thiago Terada define o papel da startup que lidera, a Genera. Com satélites, mecanização, tecnologia de precisão nos plantios e uma central de controle, a empresa, fundada em 2024, utiliza vários tipos de tecnologia para restaurar áreas desmatadas na Amazônia e produzir cacau, açaí, cumaru e outras espécies nativas para gerar valor comercial.
Leia também
Aluguel de novas tecnologias ganha impulso na agricultura
Projeto incentiva agroflorestas com plantas da Amazônia
A empresa já atua em uma fazenda de 400 hectares em Rio Preto da Eva (AM), metade dos quais está em recuperação. Em 80% da área, são plantadas espécies nativas com fins alimentícios, cosméticos e fármacos. Nos outros 20%, são plantadas mais de 100 espécies amazônicas para capturar carbono da atmosfera.
A ideia de Terada consiste em desenvolver um modelo de longo prazo que seja rentável e atrativo a produtores. A viabilidade econômica do negócio está em transformar áreas degradadas em florestas produtivas, além de comercializar os produtos ali plantados.
Terada é ex-executivo de infraestrutura e trouxe sua experiência para o agronegócio. “Usamos a mesma lógica para construção de florestas olhando como se constrói pontes, prédios, rodovias, aeroportos”, afirmou.
A Genera integrou o programa “Sinergia Investimentos”, voltado a dar tração a negócios da bioeconomia amazônica e prepará-los para investimentos. O programa foi lançado pela plataforma Jornada Amazônia, com recursos de Fundo Vale, Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, CLUA e Porticus.
Até agora, investidores-anjos e fundos filantrópicos já aportaram R$ 2 milhões na startup. Até o fim do ano, a Genera deve fechar sua primeira rodada de captação de R$ 10 milhões, com a participação de dois fundos de venture capital, uma empresa privada e uma pessoa física, que não tiveram a identidade revelada.
Saiba-mais taboola
A ideia é que, em breve, ao menos 60% das operações de tecnologias sejam feitas remotamente a partir da central de controle, que será construída em 2026, em Rio Pardo da Eva. De lá, segundo Terada, será possível ligar bombas de água, pilotar tratores remotamente e monitorar a chuva, além de dirigir drones para sensoriamento, análise de topografia, de umidade do solo e de incidência de pragas. “Como é feito no mercado de infraestrutura, vamos avançar nesse processo para controlar tudo do centro operacional”, disse.
Neste primeiro ano completo de operação, a Genera estima faturar R$ 600 mil. Em 2026, a expectativa é atingir uma receita de R$ 3,5 milhões, e em 2027, de R$ 8 milhões, revelou.
A Genera busca aproveitar o quadro histórico de terras abandonadas e improdutivas na Amazônia, fruto da ocupação do bioma na ditadura militar. “Tem terras com menos de uma cabeça de gado por hectare com valores baixos. Nós compramos essas terras.”
Além da fazenda de 400 hectares, a empresa está prestes a adquirir mais duas, uma de 300 hectares e outra de 200 hectares. A ambição de Terada é restaurar 50 mil hectares em 10 anos, o que seria suficiente para atuar em duas mil fazendas ao mesmo tempo, estimou.
Segundo Janice Maciel, coordenadora executiva da plataforma Jornada Amazônia, em 2019 existiam 205 startups de bioeconomia em operação na Amazônia Legal, e hoje são 794, alta de 400%. “A região amazônica tem assumido um protagonismo nas soluções para o clima e floresta, mostrando o potencial da região para negócios sustentáveis.