Governo anuncia compra de 2,5 mil unidades de fomepizol para intoxicação por metanol

Entre 2015 e 2024, o Ceará registrou apenas 17 casos de apreensão de bebidas adulteradas, segundo informações obtidas por meio da Lei de Acesso à Informação. Os dados foram fornecidos pela Superintendência de Pesquisa e Estratégia de Segurança Pública (Supesp), do Governo do Estado. Apesar do número relativamente baixo, autoridades de saúde brasileiras alertam para um aumento atípico de casos de intoxicação por metanol em outras regiões do país.

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O metanol é uma substância tóxica presente em bebidas alcoólicas destiladas adulteradas, como cachaça, vodka, tequila, rum e whisky. A ingestão da substância pode causar sérios problemas de saúde, incluindo cegueira e, em casos extremos, morte. Entre os principais sintomas da intoxicação estão náuseas, dor abdominal, confusão mental e dificuldade respiratória.

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Até esta sexta-feira (3), 11 casos de intoxicação por metanol foram confirmados em todo o País. No Ceará, de acordo com a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa), até o momento, não há notificações de casos semelhantes.⁠

O órgão reforça a importância de que a população adquira bebidas somente em estabelecimentos credenciados e evite produtos de procedência duvidosa.

Governo anuncia compra

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, anunciou na manhã deste sábado, 4, a compra de 2,5 mil unidades de fomepizol, um antídoto para intoxicação por metanol. A aquisição emergencial ocorre em meio à crise do consumo de bebidas adulteradas, que já resultou em 127 casos de intoxicação entre suspeitos e confirmados no Brasil inteiro. Até o momento, o Ministério da Saúde informa que 11 desses casos foram confirmados por meio de exame laboratorial.

O tratamento nesses casos pode ser feito com antídoto, hemodiálise, etanol puro e até vodca, segundo pesquisadores do Centro de Informação e Assistência Toxicológica (Ciatox) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). O antídoto mais adequado é o fomepizol, mas o Brasil não tem fabricação própria da substância. Por isso, o governo contatou fabricantes ao redor do mundo por meio da Organização Pan-Americana de Saúde (Opas).

De acordo com Padilha, a pasta acertou a compra com uma produtora do Japão e esses 2,5 mil tratamentos devem chegar ao Brasil ao longo da próxima semana.

A intoxicação por metanol leva à produção de substâncias altamente nocivas para o corpo, como o ácido fórmico. O fomepizol, considerado referência mundial para tratar esse quadro, é da classe de um dos inibidores de álcool presentes no fígado, e tem a capacidade de metabolizar o etanol e o metanol. Ao tomar o fomepizol, então, a formação de ácido fórmico não acontece e o metanol é eliminado do organismo.

60 mil garrafas de cachaça apreendidas no CE passarão por perícia

Uma carga de 60 mil garrafas de cachaça oriundas de Pernambuco e sem nota fiscal foi apreendida na última sexta-feira (26), no município de Itaitinga, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF). As bebidas serão analisadas pela Perícia Forense do Estado do Ceará (Pefoce), em meio a um cenário nacional de alerta por casos de contaminação de bebidas alcoólicas por metanol, que já resultaram em diversas mortes. A operação faz parte do esforço conjunto de órgãos que integram o Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira).

A apreensão foi resultado da atuação integrada da Secretaria da Fazenda do Ceará (Sefaz), Ministério Público do Ceará (MPCE), Secretaria de Segurança Pública (SSPDS), entre outras instituições. Segundo o promotor de Justiça Felipe Diogo de Siqueira Frota, coordenador do Grupo de Atuação Especial de Combate à Sonegação Fiscal (Gaesf), a análise do material apreendido também leva em consideração os riscos à saúde pública, dada a recente onda de intoxicações por adulteração de bebidas.

A empresa responsável pelas garrafas tentou obter uma liminar na Justiça para liberar a mercadoria sem pagar os impostos e sem realizar a perícia, mas o pedido foi negado pelos órgãos do Cira na última quinta-feira (2). A carga, avaliada em R$ 150 mil, permanecerá retida até que haja regularização fiscal ou decisão judicial contrária. A empresa tem um prazo de 20 dias úteis para quitar os tributos devidos ou apresentar recurso administrativo.