Entre os meses de agosto e setembro, quando as castanheiras perdem suas folhas evidenciando os frutos que cairão durante a estação chuvosa, é que os extrativistas amazônidas conseguem avaliar quão produtiva será a temporada. “É um conhecimento tradicional. Se uma árvore dessas fornecer de três a cinco latas, isso é um bom sinal”, afirma o gerente comercial da Cooperacre, Kássio Almada.
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É com base nesse conhecimento ancestral, de quem vive na floresta, que a Embrapa propôs medidas para aumentar a previsibilidade da cadeia, como a gestão de estoques, o seguro a extrativistas e a própria manutenção das linhas de produção em cenários de escassez.
“Existe como a gente fazer uma previsão em função de dados climáticos. Agora em outubro é para começar a chuva. Se chover um bom volume, a gente consegue dizer se em 2027 vai ter uma produção normal”, afirma a chefe-geral da Embrapa Rondônia, Lucia Helena Wadt.
No caso do ciclo 2024/25, Almada afirma que já havia expectativas de uma menor produção, porém a redução superou as expectativas da cooperativa.
Assim como em 2017, quando a quebra na oferta foi sucedida por um forte aumento na produção, a expectativa agora é de que em 2026 a produção de castanha-do-Brasil se recupere, retomando ao menos o patamar de 2024. “Este ano, a gente começou a ter as chuvas mais cedo e isso é um bom indício. Também há indício de que houve um bom carregamento”, afirma Almada.
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De acordo com a Embrapa, após um período de estresse climático severo, as castanheiras tendem a compensar com maior floração e frutificação nos ciclos seguintes, aproveitando uma maior reserva de nutrientes após a baixa taxa de produção.
A previsão é confirmada pelo extrativistas. “A gente já vê a diferença”, afirma o presidente da Associação dos Seringueiros E Agro-extrativista Do Baixo Rio Ouro Preto (Asaex), Paulo Silva.
A oferta de castanha no próximo ano será reflexo das chuvas registradas no fim de 2024 e início de 2025, período em que as precipitações foram consideradas regulares, segundo a chefe-geral da Embrapa Rondônia.
“Dá para saber com uma certa antecedência como será a produção e se trabalhar estratégias. Sem essa previsão, a tendência é diminuir o interesse da indústria, gerando impactos em toda a cadeia”, afirma Wadt.