
A crise no transporte público de Fortaleza, que já se arrasta há anos, voltou a preocupar passageiros e autoridades nesta terça-feira (30). A situação se intensificou com a suspensão de 25 linhas de ônibus, medida tomada pelo Sindiônibus para tentar ajustar o desequilíbrio financeiro das empresas prestadoras do serviço.
No Terminal da Parangaba, as placas das linhas suspensas estavam adesivadas, e passageiros precisaram recorrer a trajetos alternativos, muitas vezes mais longos ou com paradas distantes de seus destinos. As linhas afetadas atendem bairros com menor demanda, mas transportam cerca de 9 mil pessoas por dia. No total, o sistema de Fortaleza leva em média 510 a 520 mil passageiros em dias úteis.
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O presidente da Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor), George Dantas, informou que o órgão analisa possíveis penalidades ao Sindiônibus pela decisão unilateral. “O contrato deixa em aberto os tipos de sanções de acordo com a situação. Estamos com o jurídico analisando qual medida se enquadra ao caso de hoje”, declarou.
Dimas Barreira, presidente do Sindiônibus, afirmou que o objetivo da suspensão foi preservar o atendimento geral do sistema.
“Nessas 25 linhas, são cerca de 9 mil passageiros por dia. O sistema, atualmente, transporta 520 mil, 510 mil em um bom dia útil e a gente precisava encontrar uma maneira de mitigar para preservar esse atendimento acontecendo. Já a prefeitura vem pagando, ela paga em média R$ 14,5 milhões por mês nos últimos dois meses, inclusive reforçou um pouco mais esse subsídio, então a gente tem esse apoio, mas infelizmente ele não atende a esse custo integral”, explicou o presidente do Sindiônibus.
Atualmente, os custos do transporte coletivo são financiados pela combinação de subsídios da Prefeitura e pela tarifa, que hoje é de R$ 4,50 a inteira. Os subsídios garantem, entre outros benefícios, a meia-passagem para estudantes e pessoas de baixa renda.
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Segundo Ademar Gondim, professor do Departamento de Engenharia de Transportes da UFC, a questão é política e técnica: “O serviço para ele ser ofertado tem um custo. Então, é uma negociação entre aquela pessoa que determina a tarifa, que no caso é a Prefeitura, e as empresas que prestam o serviço, que nos casos são os prestadores de serviço. É uma decisão política e técnica, tem que ser discutido político e tecnicamente, e acima de tudo estabelecendo a prioridade para o transporte público, porque no final quem é prejudicado são os trabalhadores, são as pessoas que utilizam o transporte público”, explicou.
A crise vem se intensificando desde agosto, quando a empresa de ônibus Santa Cecília, responsável por 31 linhas, encerrou suas atividades, demitindo cerca de 200 funcionários. A nova paralisação acende o alerta sobre a estabilidade do transporte coletivo na capital cearense.
“O Sindicato está muito preocupado porque isso vai afetar os trabalhadores rodoviários, que recentemente foram afetados por um sistema que não pode mais chegar adiantado 2 minutos, 5 minutos, 10 minutos. E agora o que vai acontecer? Será que vai ter demissão porque essas linhas foram suprimidas?”, questiona Sérgio Barbosa, vice-presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Estado do Ceará.
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