
Um estudo realizado pela Prefeitura de Fortaleza em novembro do ano passado revelou que a tarifa atual de ônibus, no valor de R$ 4,50, está significativamente abaixo do valor considerado ideal para cobrir todos os custos do serviço. Segundo o levantamento, sem qualquer subsídio do poder público, o preço real da passagem deveria ser de R$ 7,27. O valor representa uma diferença de quase R$ 3, o que reacende o debate sobre o financiamento do transporte público na capital cearense.
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As discussões sobre o tema voltaram à tona após a suspensão de 25 linhas de ônibus na manhã desta segunda-feira (29), pegando de surpresa milhares de usuários do transporte coletivo. De acordo com o Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Ceará (Sindiônibus), a medida foi formalizada junto à Empresa de Transporte Urbano de Fortaleza (Etufor) na última semana, alegando dificuldades operacionais e financeiras.
A tarifa de R$ 7,27 corresponde ao que é chamado de “tarifa técnica”. Segundo a Etufor, esse valor considera todos os custos necessários para manter o sistema funcionando, incluindo despesas com combustíveis, aquisição e manutenção de veículos, além dos salários de motoristas, fiscais e demais funcionários. Trata-se de um modelo utilizado em diversas capitais brasileiras, seguindo parâmetros definidos pelo Grupo Executivo para a Integração da Política de Transportes (Geipot).
Desde 2008, a cidade de Fortaleza adota essa metodologia padronizada para calcular o custo real do transporte público. A Etufor destaca que, anualmente, são feitas análises técnicas para chegar a um valor que represente, com precisão, o custo do serviço. A diferença entre a tarifa técnica e o valor cobrado aos usuários é geralmente coberta por subsídios públicos.
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O presidente do Sindiônibus, Dimas Barreira, ressaltou que o valor da tarifa técnica é obtido pela divisão dos custos totais do sistema pelo número de passageiros pagantes. Segundo ele, a queda no número de usuários ao longo dos últimos anos, aliada ao aumento dos custos operacionais, vem tornando o modelo atual cada vez mais insustentável sem maior participação do poder público.
A suspensão de linhas nesta segunda-feira gerou críticas por parte dos usuários, que reclamaram da falta de aviso prévio e dos transtornos causados. Em nota, a Etufor afirmou que analisa o impacto das suspensões e discute, junto ao Sindiônibus, soluções que minimizem os prejuízos à população. A Prefeitura ainda não informou se pretende revisar os subsídios para evitar novos cortes de linhas.
Diante desse cenário, especialistas apontam que o debate sobre o financiamento do transporte público precisa ser ampliado. Modelos adotados em outras capitais, como gratuidades parciais bancadas por fundos públicos e cobrança de taxas de congestionamento para motoristas, são algumas das alternativas que vêm sendo discutidas. Enquanto isso, os usuários seguem enfrentando os desafios de um sistema que luta para equilibrar custos e qualidade do serviço.
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